Para-brisas: Uma proteção invisível?

Ines Carmo

25 de Abril de 2018

Para-brisas ou simplesmente vidros do carro. Não é muito importante o nome que lhes dá, desde que o protejam corretamente. O Circula Seguro explica-lhe a importância de cuidar, substituir ou reparar os para-brisas do seu carro.

Ainda que muitos não saibam, estes vidros são dos elementos de segurança passiva mais importantes do nosso veículo, não só como proteção face a circunstâncias externas como o vento, a água ou os insetos, como também em caso de acidente. O vidro do para-brisas está desenhado para que nenhum dos passageiros fique ferido em caso de colisão. Por outro lado, já os vidros das janelas laterais são mais fáceis de partir, para o caso de acontecer um bloqueio das portas.

Um para-brisas em bom estado é sinónimo de segurança

Junto à carroçaria, os vidros do carro, quer na dianteira como na traseira, geram uma resistência do habitáculo face a qualquer tipo de agressão externa de primeira orden. De acrodo com um estudo realizado junto da Carglass, os para-brisas contribuem até 30% para a segurança em caso de acidente e melhoram o rendimento do airbag. Por isso, é indispensável mantê-las em ótimo estado de conservação, para que evite a perda de capacidade e, portanto, aumentem os riscos de que o ocupante sofra danos.

Em primeiro lugar, é fundamental que o vidro esteja limpo, não só porque desta maneira permite acedera a toda a informação da zona envolvente corretamente e sem obstáculos, mas também para evitar que algum golpe invisível ao primeiro olhar possa partir totalmente o para-brisas. A nossa “armadura” perante qualquer impacto deve estar intacta e perfeitamente translúcida, para não obstruir a visão do condutor e para nos proteger dos elementos em caso de acidente.

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As pedrinhas ou gravilha que são continuamente projetadas no para-brisas durante a condução podem provocar até 70% da capacidade de resistência deste vidro, o que, em caso de impacto ou capotamento facilita a sua quebra. A grande força destes está na capacidade de absorver a energia do impacto, graças aos componentes de que é feito, algo que se vê reduzido com estas pequenas marcas que são reparáveis.

Além disso, os fabricantes automóveis têm vindo a demonstrar em numerosas provas de choque que o para-brisas evita em grande maioria qualquer tipo de deformação do teto do habitáculo em caso de capotamento ou colisão, já que aguentam a estrutura interna em grande percentagem. Portanto, o seu perfeito estado de conservação é uma prioridade, se não quisermos pôr em causa a nossa própria segurança na condução.

A causa principal do deterioramento dos vidros decorre do impacto da gravilha na estrada, pelo que se recomenda aumentar a distância de segurança relativamente ao veículo da frente. Em qualquer caso, estes danos são, em mais de metade dos casos, reparáveis, algo que não acontece face a objetos maiores, seja em zonas rurais ou urbanas. Noutras situações, por exemplo, as alterações de clima e temperatura, assim como a utilização de água quente e/ou de produtos caseiros para derreter o gelo do para-brisas no inverno, fazem com que este se quebre com mais facilidade. Não é recomendável, pelo que é preciso encontrar alternativas menos nocivas.

Quando devemos trocar ou reparar o para-brisas?

Os vidros de tipo laminado podem ser reparados de forma simples, quando falamos de fissuras de pequenas dimensões, sempre e quando estas não afetem a parte interna do vidro na zona de visão condutor. Quando têm mais de 15mm, seja em que local for, é preciso substituir o vidro por completo. Estas reparações mínimas deixam o vidro em boas condições, quase como se houvesse sido colocado um vidro novo, ainda que seja sempre conveniente que um especialista o veja, para decidir o que fazer em cada caso concreto.

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Sempre que o impacto seja maior que uma moeda de dois euros ou haja vários pontos afetados no para-brisas, é melhor trocar por um novo, pois já não é possível fazer a reparação. Também é aconselhável seguir algumas orientações que impedem que a tensão do movimento ou ação da água, poeira e temperatura piorem as coisas: cobrir a área com fita ou algo similar, de forma a proteger de elementos suscetíveis de agravar o golpe.

O impacto ambiental de trocar um vidro completamente não é nem de perto comparável ao de uma reparação devido a uma fissura, por um lado pelo aumento das emissões poluentes, por outro pelo custo de reciclagem agregado. Os vidros laminados pode ser reciclados através de um processamento que pode elaborar produtos cerâmicos ou refletores, ainda que, na verdade, o seu uso posterior sejamínimo.

O seu bolso também agradece, pois reparar em vez de substituir é uma poupança de 80% no custo final, mas também uma poupança no tempo em que o carro fica imobilizado na oficina. A cultura de usar e deitar fora não é aplicável neste caso.

Evolução dos vidros na história

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Desde a primeira década do século XX que começaram  a aparecer vidros no automóvel, com o objetivo de evitar que os objetos vindos do chão ferissem os ocupantes, quer fosse em circulação como em caso de acidente. No início, o vidro plano era o componente principal (material usado nos vidros) ainda que, sem dúvida, não era o mais seguro. Nos anos 30 e 40 começa o uso do vidro temperado, em substituição do anterior, que para além de facilmente quebrável, limitava a visibilidade.

Com o passar dos anos, e pela obrigatoriedade da lei, o vidro laminado começa a introduzir-se como componente chave de segurança, alternando camadas de vidro e de polivinil butiral que trazem uma resistência muito mais elevada. Este modelo pode ser até dez vezes mais resistente do que o vidro temperado, sobre o qual é ainda colocada uma lâmina plástica que impede que os fragmentos se espalhem, com o risco de provocar cortes. Para a fixação à carroçaria, são utilizados elementos visco elásticos que seguram o vidro do para-brisas, evitando que saia por efeito do airbag ou da colisão, ou até que deforme ao capotar.

A legislação obriga apenas a incorporar este tipo de vidro no para-brisas frontal, ainda que pouco a pouco as marcas comecem também a utilizá-lo nas janelas laterais. Desta maneira, o vidro deixa de ser apenas um mero isolante do exterior, para passar a formar parte da estrutura de segurança, após anos de investigação. Não é casualidade, portanto que hoje em dia se multipliquem os carros com teto de vidro, onde a superfície é bem mais do que um cristal para ver a paisagem.

Imagens | iStock avtk sjharmon Bill Oxford

Fonte: CirculaSeguro.com