Passadeira 3D para combater atropelamentos

Ines Carmo

22 de Setembro de 2018

 

Todas as medidas que sirvam para garantir o aumento da segurança rodoviária são sempre bem-vindas. Neste caso, falamos de uma proposta que ainda não é uma realidade em Portugal, mas que pode ser bem recebida no nosso país, tanto da parte dos peões como dos condutores.

A proposta de instalação de passadeiras com efeitos óticos foi feita pela primeira vez na Islândia, em concreto, na cidade de Ísafjörður, a 400 quilómetros de Reiquejavique. Com esta técnica, o objetivo é reduzir os atropelamentos, tornando mais visíveis para o condutor as zonas de passagem de peões, através da utilização de efeitos tridimensionais.

“Levantar o alcatrão para reduzir a velocidade”

Uma passadeira é composta por vários elementos de sinalização. Tanto os horizontais como os verticais, cumprem a função de estabelecer um espaço seguro na via para que os peões atravessem. A pergunta é: proporcionarão estes elementos visibilidade suficiente para o condutor? A velocidade, as distrações e outros fatores como o consumo de álcool ou drogas podem ser a causa de um atropelamento não intencional com consequências fatais, pelo que trabalhar na visibilidade das passadeiras é essencial.

A ilha situada no noroeste da Europa foi a primeira a criar uma estrada mais chamativa, para conseguir que os veículos travem, queiram ou não antes de chegar à interseção para peões. “Levantar o asfalto”, graças a um efeito ótico é a solução que procura que o condutor reduza a velocidade. O tempo dirá se esta medida é o futuro ou se, pelo contrário, se trata de uma tentativa frustrada de reduzir os acidentes rodoviários. Como podemos ver na imagem acima, o desenho em perspetiva projeta linhas em três dimensões de forma inteligente. Ainda assim, há dúvidas sobre a sua utilização a longo prazo.

A Índia foi outro dos primeiros países a decidir incorporar esta passadeira original nas suas estradas. O efeito consegue enganar o olho humano, aparentando uma elevação similar à de uma lomba. Assim obriga a reduzir a velocidade para cerca de 20km/h. Não é apenas uma medida rodoviária de grande importância, mas também exerce uma função estética que conjuga arte e segurança. Ainda que a ideia original venha de diversos testes realizados na China, em cidades como Taizhou e Xingsha, o êxito maior registou-se nos dois países mencionados anteriormente.

Espanha também é tridimensional

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Os «nuestros hermanos» também se quiseram adiantar e estabeleceram elementos de visibilidade seguros e duradouros para proteger os peões. Almussafes, em Valência, converteu-se na primeira localidade em Espanha a colocar uma passadeira tridimensional. O seu desenho, ao contrário das que são feitos apenas com uma pintura convencional, é doze vezes mais duradoura e provoca uma travagem instintiva dos condutores.

A empresa Tecnol foi encarregada da instalação desta sinalização inovadora, sobretudo em vias sem semáforos. O sistema de sinalização 3D instala-se com calor, realizando um pré-aquecimento da estrada, através do qual se colocam peças de plástico adaptado ao tamanho das linhas da passadeira

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Por outro lado, a sinalização utiliza elementos anti refletores e anti deslizantes. Estas passadeiras não só são seguras para os peões, como também para quem conduz, em caso de chuva ou derrames de combustível ou óleo. Os camiões também agradecem não terem de passar pelas incómodas lombas.

A câmara de Villarreal, também apostou nesta inovadora medida e em Múrcia existem diversas zonas da via onde também já existem as ditas passadeiras. Estas cidades fizeram o teste da inovação como se fosse um laboratório urbano. Por isso, não se descarta a hipótese de que outros municípios se juntem a esta iniciativa. A sua instalação será prioritária em zonas urbanas de alto risco, como saídas de colégios, centros culturais e parques. Além disso, poderão incorporar cores chamativas que as tornem ainda mais visíveis.

Como é que a passadeira influencia a distância de travagem?

A pintura de uma passadeira é um elemento chave na hora de fazer uma travagem de emergência. A travagem mais favorável será sobre piso seco e a mais desfavorável sobre pintura molhada, logicamente, mas o mais surpreendente é que a diferença entre ambas é de 15 metros. Tendo em conta que uma passadeira tem entre dois e quatro metros de largura, é mais adequado falar em percentagem: a travagem aumenta em 149%.

Em relação aos veículos de quatro rodas, há certas vantagens precisamente por isso, os quatro apoios, já que a estabilidade não está tão condicionada. Mas no caso de um veículo de duas rodas, como uma moto ou uma bicicleta, as coisas podem ser ainda mais complicadas. Ainda que as motos atualmente incluam de uma forma cada vez mais generalizada sistemas de segurança como o ABS, em muitos casos uma travagem de emergência perante o aparecimento de um peão na passadeira, pode provocar a queda do condutor da moto ou do ciclista, devido ao efeito do bloqueio das rodas.

Garantir a segurança das nossas vias urbanas com medidas que protejam e contem com todos os utilizadores é a melhor forma de reduzir a sinistralidade rodoviária. A passadeira 3D pode ser uma ferramenta poderosa e satisfatória para melhorar a segurança no futuro nas nossas estradas.

Imagens | iStock eldadcarin Sparky2000 olaser

Fonte: CirculaSeguro.com