Para além de que os motores dos veículos possam ser elétricos, híbridos ou de combustão interna, todos, independentemente da tecnologia que utilizem, precisam de pneus para circular. E nisso consiste a importância da revolução tecnológica e científica que a indústria de fabrico de pneus está a experimentar.
Esta indústria trabalha arduamente há anos para tornar os pneus sustentáveis. Não apenas a apostar na reutilização dos já utilizados, na filosofia da economia circular, mas também a investigar para que o material utilizado para produzir seja o mais natural possível.
Porque de que está feito um pneu? Mais de 200 ingredientes podem ser integrados na parte do veículo que nos liga fisicamente à estrada. Entre as diferentes famílias de materiais que os integram, podemos mencionar: borracha natural, borracha sintética, metal, cabos têxteis, carga de reforço (negro de fumo, sílica, etc…), plastificantes (resinas, etc…) e outros elementos como o enxofre para vulcanização.
É possível tornar todos os componentes dum pneu sustentável? Michelin, por exemplo, tem um projeto para “cozinhar” (ver receita) os seus pneus com butadieno, um dos componentes da borracha sintética, procedente do petróleo, com biomassa (resíduos de madeira, cascas de arroz, folhas e caules de milho), plástico reciclado (PET), poliestireno e negro de fumo de pneus reciclados.
No mercado já existem rodas que cumprem a certificação FSC (Forest Strewardship Council) feitas com borracha natural e raiom, produzidas preservando a diversidade biológica e cuidando do benefício para os trabalhadores e habitantes das zonas de produção.
Outro exemplo de rodas sustentáveis das que já vimos protótipos são as que incorporam musgo vivo na sua superfície. Estes microrganismos, combinados com um design inteligente da banda de rodagem da roda, permitem que a humidade e a água na estrada sejam absorvidas e ocorra a fotossíntese. Desta forma, o oxigénio é libertado na atmosfera, como resultado do processo.
O compromisso destas marcas não atinge apenas o tipo de material que utilizam, mas também a quantidade e a responsabilidade no âmbito da sua produção. Michelin, por exemplo, implementou uma dinâmica cujo objetivo é utilizar a menor quantidade possível de matéria-prima nos pneus, a manter o máximo desempenho e eficácia. O seu objetivo final é limitar o impacto ambiental e ter uma influência favorável na resistência da rodagem do pneu, o que diminui o consumo de combustível do veículo, com a consequente redução das emissões de CO2. A empresa certifica que a borracha natural utilizada, que continua a ser o ingrediente principal no fabrico do pneu, provém de uma produção responsável e benéfica para todos os interessados. O seu compromisso é que no ano 2050 toda a sua produção de pneus seja 100% sustentável.
Parece ficção, mas na verdade é uma questão de inovação e responsabilidade. Há uma grande margem para melhorar a otimização dos materiais e desempenho dos pneus, que apenas se assemelharão em forma aos que os carros utilizam atualmente. Para além dos sensores que irão incorporar, espera-se que os pneus do futuro não precisem sequer de ar, sejam fabricados com materiais reciclados e sustentáveis que sejam extraordinariamente resistentes e que aumentem a facilidade e segurança na condução, ao mesmo tempo que reduzam o seu impacto ambiental.
A boa notícia é que cada vez mais fabricantes são conscientes de que a mobilidade sustentável começa com as matérias-primas e a sua forma de produção, muito antes de que o produto final circule nas nossas estradas.