Porque pode o seu carro arder?

Alberto Valera

23 de Janeiro de 2017

Para além de algumas situações de vandalismo, ou fogo posto, porque se incendeia um automóvel? Calcula-se que ardam em Portugal mais de uma centena de carros por ano, muitos deles em auto-estradas ou em situações de para-arranca.

Qualquer veículo convencional utiliza um motor térmico (excluindo a minoria dos carros elétricos) que é alimentado de combustível líquido para produzir energia. Mas, para além do combustível, existem muitos materiais nos automóveis que podem arder e que são, inclusivamente… eles mesmos combustíveis. Ou seja, estes materiais, em contacto com uma fonte de calor, podem ser fundamentais para a origem de um incêndio e para a sua posterior propagação.

Gasolina, gasóleo, óleo do motor e da caixa de velocidades, fluído de travões, são alguns dos combustíveis líquidos que podemos encontrar em todos os automóveis. A ignição de combustíveis sólidos, como os protetores plásticos dos cabos elétricos, acontecem, na maioria das vezes, por sobrecargas ou mau funcionamento da parte elétrica. Plásticos e tapetes, que existem em grande quantidade num automóvel, também podem arder com facilidade em contacto com uma fonte de calor.

Para que se produza um incêndio, é imprescindível que exista uma fonte de calor que o despolete. As fontes de calor num carro são muitas e variadas, ainda que a principal seja o motor térmico, encarregue de gerar a energia para que o automóvel se mova. Mas existem outras fontes, como os sistemas nos quais acontece fricção entre elementos.

Condutas que podem gerar um incêndio num automóvel

Algumas ações que podem originar um incêndio são produzidas por causa direta do condutor.
Normalmente são as mais simples de evitar se forem tomadas todas as precauções. Deixar cair um cigarro aceso dentro do carro, em cima de um tapete ou num plástico, pode gerar um incêndio.
Em algumas situações podem ligar-se acessórios elétricos, que devido ao seu mal estado ou a uma ligação incorreta podem provocar uma ponte elétrica que vai originar faíscas. Estas faíscas, no final, podem provocar o fogo, uma vez que atuam como fonte de calor. Isto pode parecer um pouco rebuscado, mas o que é certo é que acontece e não é assim tão difícil.
O isqueiro do carro mal encaixado, um carregador mal ligado ou qualquer outro acessório cuja base ou ligação possa estar deteriorada, são razões suficientes para produzir o calor necessário que provoca o fogo no interior do veiculo.

A bateria provoca incêndios

A bateria do veículo, como elementos eletroquímico acumulador, resulta numa potencial fonte de calor. A manipulação deficiente ou o mau estado dos seus bornes de ligação podem produzir faíscas por mau contacto elétrico. A utilização de cabos de ligação também podem produzir faíscas se estiverem mal ligados ou produzir o sobreaquecimento do próprio cabo auxiliar. Estas circunstâncias em conjunto com a produção de hidrogénio por parte das baterias, podem gerar um cocktail altamente explosivo. Por isso preste muita atenção ao estado dos cabos da bateria e tenha muito cuidado ao manejá-la.

Uma boa manutenção

Manter o carro com as manutenções e revisões em dia, pata além de facilitar o funcionamento de todos os elementos eletromecânicos, assegura também que todos os componentes se encontrem em bom estado, sem fugas, ruturas ou fissuras que comprometam o seu funcionamento adequado.
Uma manutenção inadequada, com ligações elétricas mal feitas, com cabos elétricos a roçar por superfícies metálicas durante muito tempo podem gerar contacto entre o cabo e a carroçaria. Esta ponte elétrica, contacto defeituoso ou curto circuito pode gerar calor suficiente para ocasionar a combustão de todos os materiais que se encontrem perto da zona do contacto.

O que fazer se vir o seu carro a pegar fogo?

1 – Se tal acontecer em andamento, tente parar o carro num lugar seguro e desligue o motor de imediato. Poderá ver fumo e fogo, mas basta que sinta o cheiro a queimado para suspeitar que alguma coisa não está bem.

2 – Se discernir a situação, tente parar num local onde a calçada ou o piso se encontre limpo, sim folhas secas, papéis, óleo ou outros materiais que ardam facilmente.

3 – Saia do carro e ajude a evacuar todos os ocupantes de forma ordenada. Conduza-os para longe do veículo, pelo menos a 50 m de distância, para que não inalem gases tóxicos e permaneçam resguardados das chamas.

4 – Chame o 112 e indique com calma e clareza o local onde se encontra.

5 – Uma vez cumpridos estes passos, aproxime-se do veículo a uma distância prudente e tente perceber a proveniência do fumo. Assim que cheguem os serviços de emergência pode orientá-los sobre a fonte do incêndio.

6 – Não tente apagar o fogo, a não ser que tenha meios para o fazer, nomeadamente que possua um extintor. Lembre-se que se encontra no meio de um incêndio e que o mais importante não é o carro e sim a sua vida e a dos ocupantes…