Portugal a pedalar

Redacción Circula Seguro

8 de Novembro de 2021

Apenas 0,5% dos portugueses usam a bicicleta parase deslocarem habitualmente. De facto, nas grandes cidades como Lisboa e Porto, as taxas de deslocação são muito baixas, 0,2% e 0,3%, respetivamente.

Melhorar as infraestruturas

As condições para este tipo de mobilidade sustentável em Portugal também não ajudam muito: a Federação Europeia de Ciclismo classifica Portugal em 27º lugar entre os 28 países europeus com menos e piores infraestruturas para andar de bicicleta. Por isso, o desafio de promover a bicicleta é particularmente importante no país.

Para isso, o governo português estabeleceu um objetivo realista: investir para conseguir que a população utilize a bicicleta para deslocações curtas, de 2 a 6 quilómetros. Para isso, os investimentos em infraestruturas estão centrados no aumento da rede de ciclovias, dos atuais 2.000 quilómetros aos 10.000 quilómetros até 2030, promoção de parques de estacionamento para bicicletas em edifícios, espaços públicos e privados. Também haverá incentivos fiscais tanto para a compra como para a utilização de bicicletas.

Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa

Este investimento faz parte da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa 2020-2030. Para além, e como a mudança também deve ser cultural, Portugal dará prioridade a campanhas e ações de formação que promovam as deslocações de bicicleta e não veículos privados, e serão feitas novas alterações legislativas para evitar comportamentos perigosos por falta de respeito aos peões e ciclistas.

Porém, a medida estrela foi a inclusão da bicicleta na escola a partir de 2020, como parte da Educação Física. Aprender a andar de bicicleta foi incorporado no currículo da escola básica. No primeiro ciclo da escola básica, os alunos têm aulas para andar de bicicleta num contexto fechado (nível básico), ou seja, dentro da própria escola. E no segundo e terceiro ciclos passam a andar de bicicleta em espaços públicos (nível avançado). É claro que o governo treinou e certificou os instrutores responsáveis.

Bikeability

Portugal não tinha desenvolvido o seu próprio programa de formação, mas adapta agora o famoso programa Bikeability do Reino Unido, tanto em termos de formação de formadores como de formação contínua na sala de aula, que, por sua vez, é inspirado no modelo oficial holandês.

Mas, para além dos benefícios de pedalar para a saúde e o ambiente, existe também uma oportunidade de continuar a liderar o sector. Pois Portugal é o maior fabricante de bicicletas da Europa: mais de 8.000 profissionais trabalham neste importante sector para satisfazer a procura cada vez maior no Velho Continente.

A maior fábrica de bicicletas da Europa

Algumas fábricas portuguesas produzem mais de 1 milhão de bicicletas por ano, números que o tornaram um país muito importante na produção de bicicletas. Embora a fase de conceção, criação, desenvolvimento e distribuição proceda de terceiros países, Portugal é, em grande medida, a fábrica de muitas fábricas. Cerca de 90% das bicicletas produzidas são para exportação, principalmente para Alemanha, França e Itália.

Em 2020, Portugal exportou bicicletas e componentes para 89 mercados, classificando-se em décimo segundo lugar no mundo entre os maiores exportadores, com uma quota de 1,45%. China, Taiwan, Alemanha e Países Baixos foram os principais exportadores mundiais em 2020, com quotas de 33,4%, 14,4%, 8,5% e 7,2% do total, respectivamente. O segundo maior destino das exportações de Portugal é a Alemanha, logo França, Países Baixos, Itália e Polónia.