Em outubro passado, a polícia de Islington, no Reino Unido, começou a distribuir multas para condutores que ultrapassavam o limite de 20 milhas por hora (mph), cerca de 32km/h. A cidade de Londres foi a primeira a impor restrições de velocidade de 20 mph em 2013, após o apuramento de quais eram os troços de estradas mais perigosas.
Agora o departamento “Transport for London” (TfL) anunciou que vai testar este limite em alguns dos seus percursos mais movimentados, como parte de um compromisso com a redução, ou eliminação do número de pessoas que morrem, e ainda dos que são feridos gravemente em acidentes rodoviários na capital inglesa. A conclusão a que podemos chegar é que para aplicar essa formula devem ter concluído de que os limites de velocidade de 20 mph realmente funcionam.
Mas a “teoria” de que para reduzir as fatalidades têm que reduzir a velocidade, não é unanime. Ao ser questionado se achava que os limites de velocidade 20 mph de Islington tinham feito alguma diferença, Aidan Farrow, um membro de “Islington Cycling Club” respondeu que não, complementando “A minha experiência diz que os limites são ignorados por muitos condutores. Eu acho que eles não estão aplicando a lei e eu não acho que os condutores percebam que estão em incumprimento há muito tempo.”
As estatísticas recolhidas pelo departamento sugerem que a velocidade do tráfego diminuiu, mas apenas marginalmente, antes do limite de 20 mph serem introduzidos, 85% do tráfego nas principais estradas de Islington realizava uma média de 28 mph, depois que os limites foram introduzidos, essa média diminuiu apenas 1 mph para 27 mph.
No entanto, após analisar os registos, os resultados dos condutores de Bristol e de Brighton contam uma história similar, as velocidades diurnas em Bristol desceram em cerca de 1 mph para uma média de 23 mph. Em Brighton, o resultado foi idêntico, mas neste caso a velocidade média do tráfego nas vias em causa já foi as pretendidas 20 mph.
Ian Roberts, especialista em lesões na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, afirma que já há provas suficientes para mostrar que as zonas de 20 mph servem para reduzir as lesões graves e explica que o mais convincente, é a física básica, se um carro bater num pedestre a 20 mph vai causar menos danos do que em 30 mph ou 40 mph porque a energia cinética é menor.
Há ainda modelos que predizem mais precisamente o risco de morte associado com velocidades diferentes de circulação dos automóveis. No entanto, as previsões, apenas irão funcionar se todos realmente reduzirem a velocidade, Roberts tem dúvidas sobre a eficácia dos limites de 20 mph sem a conjunção de outras medidas de controlo sobre o tráfego.
Resultados apurados
Dito isto, os resultados do programa de 20 mph apresentam dados promissores, as baixas caíram 12%, de uma média anual de 372 em 2010-2013 para 327 em 2013-2014 e, até o momento, ninguém morreu numa colisão nas estradas abrangidas pelo limite. Por outro lado, é difícil chegar a conclusões sólidas com base em dados de um único ano, especialmente em relação aos anos anteriores em que houve, em média, apenas uma morte estrada.
Para aperfeiçoar os dados recolhidos, o Ministério dos Transportes já encomendou um estudo de 3 anos sobre a sua eficácia, onde irá reunir dados de diferentes regiões, bem como uma nova pesquisa realizada nas estradas. Os resultados finais serão apresentados em 2017.
Para ter uma visão mais próxima dos utilizadores da estrada, foi perguntada opinião à instrutora de condução, Julie Roberts, que afirmou “Nós estamos sendo ultrapassados, ou nós estamos sofrendo um comportamento agressivo dos outros utentes da estrada”, diz ela. “Precisamos encontrar maneiras de mudar as atitudes para que compreendam que 20 mph é visto como a velocidade adequada nas áreas urbanas.” Ela acha que a mudança será lenta, especialmente sem qualquer mobiliário urbano para apoiar os sinais.
O que está sendo feito noutros países
No resto da Europa, Paris e Milão anunciaram planos para introduzir limitações a 30km/h (19 mph). Espanha foi mais longe e nas mudanças recentes às leis de trânsito rodoviário do país significa que os limites 30km/h, em breve serão aplicados na maioria das áreas urbanas.
Os planos são apoiados pelo Conselho da Europa de Segurança nos Transportes, que aconselha a Comissão Europeia, apelou para os limites de velocidade mais baixos em todas as áreas residenciais.
Na América, mais precisamente em Nova Iorque, foi reduzido o limite de velocidade de 30 mph para 25 mph e outros estados dos EUA parecem ser seguir o exemplo.
Foto | Apple Verschoor