A responsabilidade de ter uma carta de condução

Jorge Ortolá

30 de Março de 2015

Quem se inscreve numa escola de condução para receber formação que possibilite adquirir um título que habilite a conduzir um veículo, seja através de licença ou de carta de condução, fá-lo no sentido de vir a ser um futuro condutor, independente, responsável e capaz de resolver todos os problemas rodoviários com que se depare.

É responsabilidade da escola de condução desenvolver um plano de formação capaz de fazer chegar a informação ao candidato a detentor de licença ou carta de condução, no entanto, tal como na vida, a responsabilidade de boa conduta e comportamentos adequados, devem já estar desenvolvidos no carácter do individuo.

 O futuro condutor e a sua preparação

Hoje em dia é possível um candidato a condutor  adquirir a sua carta de condução num período de um mês, se tudo correr bem, ou seja, se aprovar nos exames teórico e prático de condução. Com a formação minima exigida pela legislação nacional e com a realização das provas de avaliação em centros de exame privados, consegue-se alcançar esse número mágico de 30 dias.

Percebendo que para as escolas de condução e para os próprios centros de exame estes prazos são uma janela de negócio fantásticos, cabe-nos, aos formadores mais preocupados, perceber, se esse mês de formação e respectivas provas de exame permitem ter um futuro condutor, minimamente preparado para enfrentar a vicissitudes do sistema de circulação rodoviário.

Se colocarmos a questão de forma simples e directa, muitos ou grande parte dos futuros condutores ou seus progenitores, quando abordamos quem lhes suporta o pagamento da aprendizagem, teremos como resposta; “Depois na estrada é que vão aprender.”

Esta é uma resposta sem sentido, vazia e inconsequente, uma vez que uma carta de condução é um documento que valida a capacidade de alguém dominar e controlar a trajectoria de um veículo, em segurança e sem condicionar o bem estar dos demais utentes da via.

Ora, com uma formação de um mês, ainda que seja intensiva, não vai permitir que um individuo adquira rotinas, conhecimentos e experiências capazes de o fazerem enfrentar as mais diversas condições do tráfego rodoviário. Isso pode ser um problema elevado e em nada beneficia a tão almejada diminuição da sinistralidade rodoviária.

A felicidade de quem consegue aprovar nos exames, teórico e pratico de condução, deve ser a mesma que deve acompanhar o novo condutor na avaliação da sua responsabilidade e inexperiência. Deve ser a mesma que deve acompanhar a aplicação dos parcos conhecimentos numa formação, já por si, muito débil, quando comparada com a exigência que o meio solicita.

A solução teria sempre de passar por um programa de ensino estendido ao longo dos anos, integrado no programa escolar, com o devido acompanhamento dos pais ou tutores em determinadas tarefas e composto por um estágio de condução, anterior ao exame final.