Quem se inscreve numa escola de condução para receber formação que possibilite adquirir um título que habilite a conduzir um veículo, seja através de licença ou de carta de condução, fá-lo no sentido de vir a ser um futuro condutor, independente, responsável e capaz de resolver todos os problemas rodoviários com que se depare.
É responsabilidade da escola de condução desenvolver um plano de formação capaz de fazer chegar a informação ao candidato a detentor de licença ou carta de condução, no entanto, tal como na vida, a responsabilidade de boa conduta e comportamentos adequados, devem já estar desenvolvidos no carácter do individuo.
O futuro condutor e a sua preparação
Hoje em dia é possível um candidato a condutor adquirir a sua carta de condução num período de um mês, se tudo correr bem, ou seja, se aprovar nos exames teórico e prático de condução. Com a formação minima exigida pela legislação nacional e com a realização das provas de avaliação em centros de exame privados, consegue-se alcançar esse número mágico de 30 dias.
Percebendo que para as escolas de condução e para os próprios centros de exame estes prazos são uma janela de negócio fantásticos, cabe-nos, aos formadores mais preocupados, perceber, se esse mês de formação e respectivas provas de exame permitem ter um futuro condutor, minimamente preparado para enfrentar a vicissitudes do sistema de circulação rodoviário.
Se colocarmos a questão de forma simples e directa, muitos ou grande parte dos futuros condutores ou seus progenitores, quando abordamos quem lhes suporta o pagamento da aprendizagem, teremos como resposta; “Depois na estrada é que vão aprender.”
Esta é uma resposta sem sentido, vazia e inconsequente, uma vez que uma carta de condução é um documento que valida a capacidade de alguém dominar e controlar a trajectoria de um veículo, em segurança e sem condicionar o bem estar dos demais utentes da via.
Ora, com uma formação de um mês, ainda que seja intensiva, não vai permitir que um individuo adquira rotinas, conhecimentos e experiências capazes de o fazerem enfrentar as mais diversas condições do tráfego rodoviário. Isso pode ser um problema elevado e em nada beneficia a tão almejada diminuição da sinistralidade rodoviária.
A felicidade de quem consegue aprovar nos exames, teórico e pratico de condução, deve ser a mesma que deve acompanhar o novo condutor na avaliação da sua responsabilidade e inexperiência. Deve ser a mesma que deve acompanhar a aplicação dos parcos conhecimentos numa formação, já por si, muito débil, quando comparada com a exigência que o meio solicita.
A solução teria sempre de passar por um programa de ensino estendido ao longo dos anos, integrado no programa escolar, com o devido acompanhamento dos pais ou tutores em determinadas tarefas e composto por um estágio de condução, anterior ao exame final.