Revolução educativa na prevenção e segurança rodoviárias (3)

Jorge Ortolá

11 de Julho de 2014

Ao longo dos tempos, a aquisição de um titulo que habilitasse a conduzir determinados veículos, foi sendo alvo de evolução. Essa evolução teve uma intervenção a vários níveis e sempre com o intuito de melhorar as condições rodoviárias em Portugal.

Essa evolução educativa jamais foi uma revolução educativa, uma vez que em muitos casos, quando se pretendeu revolucionar, muitos foram os grupos socioeconómicos que levantaram as maiores dificuldades, o que levaram a que a classe politica desse um passo atrás na suas decisões.

Uma formação deficitária

Nos dias de hoje, como já vimos em outros posts, como por exemplo no que aborda as cartas de conduçãoLow Cost“, a vertente educativa está sobreposta pela vertente económica da coisa. Isto faz com que haja concorrência desleal e uma formação de baixo nível e incapaz de fazer frente a uma taxa de sinistralidade elevada.

Uma vez que se conseguem, nos centros de exame privados, efectuar marcações de exame em tempo recorde, a formação teórica em duas semanas ou a prática em uma, jamais conseguirão fazer com que um candidato a condutor tenha uma capacidade educativa capaz de o fazer ser um bom condutor. Compram-se cartas de condução, em vez de se formarem condutores.Um estágio na condução

Um estágio na condução

Para se conseguir ser um bom operacional numa tarefa, seja ela qual for, é necessário que haja muitas horas de prática, horas de formação inicial e complementar. Só desta forma conseguirá um individuo adquirir rotinas de processo, capaz de fazer diminuir a possibilidade de erro.

Actualmente, são necessárias, apenas, 28 horas de formação teórica e 32 de formação prática para, por exemplo, um candidato a condutor adquirir a sua licença de condução para automóveis ligeiros. Se estas horas forem ministradas num tempo recorde de mês e pouco, ao final desse tempo e com aprovação nos respectivos exames, teremos um condutor impreparado para assumir os controlos de um automóvel.

Revolução educativa

Para se conseguir que os futuros condutores pudessem criar rotinas que os levassem a ser mais responsáveis e capazes de reagir, em conformidade e atempadamente, às diversas situações de trânsito, era necessário proporcionar-lhes um período de tempo de aprendizagem acompanhada com um formador, como já acontece actualmente, mas complementar esse tempo com outro período de consolidação de conhecimentos.

Ou seja, durante a formação, que deveria ser mais longa em número de horas, os formandos deverias ser expostos a uma formação contínua e que abrangesse as mais diversas condições de trânsito e condições atmosféricas. No final da formação, e por indicação do formador, seria emitida uma licença provisória que possibilitasse ao formando conduzir em localidade e com uma velocidade limitada a 40 km/h.

Essa licença teria uma validade de um ano útil, ao fim do qual o candidato a condutor se submitiria a exame, se se sentisse preparado, ou solicitaria um acréscimo à sua formação se não se sentisse preparado. Durante esse ano, o candidato a condutor estaria obrigado a se obrigar a conduzir de acordo com o que aprendera.

Se assim fosse, iria sedimentar os conhecimentos apreendidos, pois sabia que teria de os apresentar quando se propusesse a exame. Hoje em dia tal não acontece, pois após uma formação muito limitada, o candidato a condutor, após a realização do seu exame prático, vai deixar de ter comportamento seguros e adoptar comportamentos de risco. Por culpa própria? Não, mas também.

Durante a formação viu-se “obrigado” a proceder a determinadas acções, no entanto não as rotinou para uma condução continua, mas sim e apenas para um exame que vai ter de efectuar. Se durante um ano as tivesse de rotinar, após esse exame iria continuar a executar grande parte delas.

Foto¦MDS e CFC