A sinistralidade rodoviária, quer seja em Portugal quer seja em qualquer outro canto no Mundo, é um fenómeno que tem sido estudado, mais exaustivamente nuns lados do que em outros, dependendo muito das organizações estatais que vão existindo.
Pode alegar-se que Portugal tem gasto, na última década e meia, milhares de euros com o estudo do fenómeno e desenvolvimento de acções no seu combate, no entanto os milhares de euros não têm sido bem enraizada nesse sentido.
A aposta na sanção, resulta?
Está devidamente identificado que a elevada taxa de sinistralidade em Portugal está associada a uma deficiência na atitude e comportamento dos condutores, em particular, e da sociedade em geral. Acontece que, mesmo estando perfeitamente identificado o cerne do problema, pouco ou nada se tem feito, em concreto, para o resolver.
Ou seja, o que demais se tem feito é pelo lado da sanção e não pelo lado da educação, prevenção e segurança rodoviária. Os resultados têm descido, é bem verdade, com algumas oscilações, mas é sempre na base da repressão dos infractores e nunca na sua requalificação.
Uma solução a médio/ longo prazo
O caminho faz-se caminhando e se hoje os dados recolhido não apresentam um terço do valor do que apresentam, relativos à sinistralidade rodoviária, a culpa não será apenas dos infractores, mas terá de ser partilhada pelos que tiveram e têm o poder de decidir e legislar, sobre os métodos de actuação.
Se um pai castiga o seu filho porque este pratica um acto errado, mas no entanto esse pai nunca alertou ou orientou o filho para esse facto, então tão culpado é o filho que pratica o acto, como o pai que não o educou no sentido de o não praticar. Assim, e estando a sociedade portuguesa com duas ou três décadas de atraso, tempo jamais recuperável, a responsabilidade também terá de lhe ser imputada.
Compromisso de segurança rodoviária
Se em 2000 surgiu um compromisso europeu de diminuição de mortos nas estradas europeias, incluindo Portugal, as entidades responsáveis tivessem colocado no terreno acções de educação rodoviária a educadores, crianças, jovens e seus pais, hoje teríamos pessoas mais sensibilizadas e capacitadas para perceberem a prevenção e segurança rodoviária.
Mas como esse trabalho não foi efectuado e não está a ser devidamente feito, continuamos com uma taxa de sinistralidade e mortalidade rodoviária elevada, muito acima da média da Europa. Continuamos a não formar a árvore quando a semeamos, ainda capaz de ser orientada, mas sim a tentar moldá-la quando já está adulta, bem enraizada e definida.
Como aos condutores penalizamos com um sistema de contra-ordenações e sanções que apenas serve alguns, nomeadamente os cofres do Estado, também nas árvores se resolve o problema da impossibilidade de orientá-las, cortando-as. É impraticável que continuemos a “cortar” os nossos condutores infractores, permitindo que morram ou matem.
Estaremos a tempo de intervir?
A questão não é tanto se estaremos a tempo, porque aí não há qualquer dúvida, mas sim se as instituições e seus directores estarão preparados para uma alteração de fundo e totalmente revolucionária, buscando objectivos exequíveis a uma década. aqui sim, devemos actuar, cortando pela raiz.
Vou, ao longo de alguns posts, expor as minhas ideias, que jamais serão uma recta de absolutismo, mas sim pontos iniciais de discussão e debate.
Foto¦ Estormiz e CM Boticas