Sabe a qualidade do seu carro? (1)

Duarte Paulo

9 de Julho de 2013

Quando comprou o seu atual automóvel provavelmente considerou o “status quo” das diversas marcas, ponderou a qualidade intrínseca do seu carro por esse patamar. Será que acertou? Sabe a qualidade do seu carro?

Num recente estudo efetuado nas terras do tio Sam, pela conceituada JD Power, foram obtidos resultados deveras surpreendentes, marcas consideradas como populares, e por isso normalmente associadas a uma menor qualidade conseguiram acompanhar, e nalguns casos ultrapassar, marcas consideradas “premium”.

O estudo abordou o assunto da qualidade inicial – em novo – de duas formas, por um lado apurar as falhas efetivas de materiais e sistemas das viaturas e por outro detetar as falhas de “design” que estavam presentes nos modelos das diversas marcas.

Esses problemas incluem sistemas de navegação que são difíceis de operar, assentos traseiros que não se dobram facilmente, interruptores mal posicionados ou cintos de segurança que ficam posicionados só ao alcance do Michael Phelps.

Os chamados problemas de projeto são mais preocupantes para os consumidores do que os defeitos reais de materiais, porque eles são algo que não pode ser corrigido, os compradores têm de viver com eles durante anos e sofrer com essas ineficiências.

Se o motor de arranque do carro avaria o proprietário passa na marca e pode substituí-lo ao abrigo da garantia, mas se os manípulos de abertura das portas estão localizados em uma posição irritante isso é algo que nunca pode ser corrigido.

O leitor pode pensar que esses problemas de erro de projeto, até deveriam ser detetados pelo comprador quando fez test-drive antes da compra, a resposta é “nim”. E se o problema for algo que só consegue detetar quando começa a usar realmente a viatura?

Ao testar o carro, tudo é bonito, está ergonomicamente bem conseguido, uma maravilha, testa tudo o que é normal testar, experimenta ainda o computador de bordo, o GPS. Tudo parece bem.

Compra o carro e começa a usá-lo no dia a dia, aí apercebe-se que para chegar ao menu que precisa de utilizar, tem que passar por três menus , duas opções e cinco subopções, quando chega ao menu desejado das duas uma, ou já chegou ao destino, ou bateu em algo por estar distraído.

Itens com mais queixas

É precisamente nesta área, a tecnologia de infotainment, que residem os maiores problemas reportados pelos proprietários, é também a categoria com maior aumento de queixas neste estudo com 22% do total.

A característica que mais reclamações recebe é o reconhecimento de voz, que os utilizadores consideram como sendo extremamente pobre a sua qualidade e capacidade, o segundo com mais queixas é o sistema Bluetooth, que os utilizadores consideraram como sendo frustrante de utilizar.

Em terceiro lugar surgem os ruídos aerodinâmicos, que melhoraram nos últimos anos, depois vem a falta de qualidade dos materiais usados no interior do veículo e em quinto lugar os sistemas de navegação, que são difíceis de usar.

Equipamento como motores e transmissões não está ficando piores, aliás talvez até estejam no seu nível mais alto de qualidade, mas a eletrônica associada a “gadgets” são a grande fonte de dores de cabeça para os utilizadores dos automóveis atuais.

Os utilizadores dos automóveis estão relatando cada vez mais problemas nestes últimos anos, a sua tolerância para as falhas dos sistemas de infotainment é pouca. Atualmente estão habituados a usá-la em todo o lado, smartfone, tablet’s, e numa série de aplicações que esperam que a sua interação seja sempre uma experiência idêntica quando estão a bordo de uma viatura.

Aliás o pior resultado de todo o estudo foi uma marca, ou melhor para uma sub-marca, que é comercializada nos Estados Unidos e é direcionada especialmente aos jovens, este público tem sido responsável por pedir mais inovação tecnológica a bordo e ser mais exigente no seu bom funcionamento.

Na 2ª parte vamos descobrir qual foi a marca mais penalizada, qual a que foi considerada como tendo a maior qualidade reconhecida pelos seus utilizadores e as marcas que foram uma boa ou má surpresa pelos bons resultados obtidos do estudo.