Será que sabe manejar o volante?

Ines Carmo

27 de Abril de 2017

 

Que pergunta idiota, dirá o leitor. Mas será que sabe mesmo como manejar o volante?

Pode parecer brincadeira, mas a verdade é que está em causa não só o conforto do condutor, como a segurança de todos os ocupantes do veículo. É um jogo de mãos que frequentemente inclui vícios errados que é preciso esquecer, para reaprender a manejar o volante.

A posição correta das mãos é clara para toda a gente: Devem estar situadas entre as duas menos dez e as três menos um quarto, assumindo que o volante se trata de um relógio. Ainda que nos últimos tempos estudos e pilotos profissionais falem quase exclusivamente nas dez e dez.

Para comprovar se chegamos bem ao volante, para não nos cansarmos e obtermos maior estabilidade, devemos juntar os pulsos e colocá-los na parte mais alta do mesmo, sem que para isso afastemos as costas do banco. As mãos devem ficar adiantadas em relação ao rebordo do volante, com os pulsos apoiados.

Na altura de agarrar, há uma coisa que poucos sabem: a importância dos polegares. Nunca devem ficar por baixo do volante, mas sim de frente. Isto porque a coluna de direção transmitirá a estes dedos as vibrações produzidas pelo piso, podendo provocar um entorse ou uma lesão mais grave em caso de uma colisão forte. Não deve agarrar-se, deve apoiar-se.

Porque soltamos as mãos do volante?

Ter as mãos colocadas corretamente no volante é a forma mais efetiva de controlar o veículo e a única posição para a qual estão pensadas as medidas de segurança. Na postura correta, o airbag não poderá causar danos graves e os braços vão jogar a favor do condutor, suportando grande parte do golpe e mantendo-nos no nosso lugar. Portanto, é preciso voltar a habituar o corpo a esta posição.

Curvas ligeiras

Ao curvar em ângulos mais abertos, por exemplo, em autoestradas, não é preciso tirar as mãos do volante, seja em que altura for. Durante a curva é normal que as mãos não estejam nas «dez para as dez», mas sim, nas três ou nas nove em ponto, oito e cinco…. e por aí em diante. É fundamental girar o volante com as duas mãos, ainda uma seja usada para puxar e a outra para empurrar.

Curvas apertadas

Neste caso, as mãos devem sair do volante, mas nunca o devem soltar completamente. A melhor maneira de explicar isto é com uma sequência real, vejamos o caso de uma curva à esquerda:

1- Avistamos a curva, preparamos a carro para entrar e começamos a mexer as mãos, que até agora permaneciam na posição das dez e dez.

2- Deixamos de segurar o volante com a mão esquerda, sem a separar do mesmo. Mudamos esta mão para as «doze horas», girando o volante e afrouxando a pressão com a direita, que regressa ao seu lugar correto.

3-  A sequência repete-se até ter girado o volante suficientemente, ainda que com uma vez deva chegar, em condução defensiva e não em provas desportivas ou troços especialmente rápidos. A mão esquerda terá que ocupar novamente a posição «às dez», durante a curva e se for necessário ajustar levemente o trajeto enquanto estamos dentro dela, agiremos como se de uma curva suave se trate.

4- Depois de fazer a curva, ao endireitar, teremos de agir da mesma forma que ao entrar na curva, mas de forma inversa. A mão esquerda permanecerá no lugar, afrouxando a pressão, enquanto que a mão direita vai para «as doze horas», repetindo as vezes necessárias até endireitar a direção e regressar à posição inicial.

 

A razão pela qual o volante se maneja assim baseia-se em dois princípios: uma mão fica sempre na posição correta e o volante deve ser virado desde a sua zona mais alta.

Esta técnica é usada em condução desportiva e tem grandes vantagens na circulação diária, ainda que à primeira vista possa parecer de execução lenta. É precisamente nisso, na rapidez e capacidade de efetuar os movimentos corretamente, sem olhar para o volante que demonstramos ser melhores condutores, pelo menos tecnicamente.

Não convém começar a aprendizagem desta técnica em estradas abertas ao trânsito, pois vai acabar por estar a olhar para o volante em vez de olhar para o que se passa à sua frente. Um volante de brincar em casa, uma bandeja ou prato de cozinha serão as melhores formas para aprender, ou, evidentemente, uma estrada fechada, se for possível. Quando o fizer com alguma habilidade, terá de o pôr em prática, circulando.

Não desanime se ao princípio for muito lento ou se custar muito, talvez numa curva muito apertada seja necessário virar como fazia antes. O mais importante é estar empenhado e aperceber-se que conduzir assim lhe trará várias vantagens: comodidade, segurança e eficácia. Manejando de forma acertada o volante, vai acabar por controlar melhor a velocidade a que deve entrar e sair das curvas, entre outras coisas.
Circule Seguro!

 

Fotos: Pistonheads, Fotolia, Reference