Sabes manejar o volante?

António Ferreira

18 de Fevereiro de 2014
Mas é claro que sei utilizar bem o volante! Se não soubesse, como achas que conduzia? Com os pés?

De certeza que há muita gente a pensar assim quando lê o título deste artigo. E, apesar de parecer uma piada, não o é: saber manejar o volante significa, antes de mais, comodidade e, em segundo lugar, segurança. Basta apenas sentar-se ao lado de um piloto profissional e prestar muita atenção ao seu jogo de mãos, à forma como não se atrapalham ou entrecruzam para mexer no rádio, à forma como ele segura o volante… Esqueçamos todos os nossos vícios e costumes e reaprendamos a segurar e utilizar correctamente o volante.

Quanto à posição correcta das mãos, não há dúvidas, é claro para toda a gente. Devem posicionar-se entre as dez para as duas e um quarto para as três. Actualmente, a maioria dos estudos e dos pilotos profissionais tem optado exclusivamente pela posição das dez e dez.

Para conseguir perceber se chegamos ao volante de forma correcta, sem nos cansarmos e de maneira a termos mais estabilidade, devemos unir os pulsos e colocá-los na parte superior da circunferência do volante, sem que para isso tenhamos que afastar as costas do banco. Depois, as nossas mãos devem descair ligeiramente na circunferência do volante mas sempre mantendo as costas apoiadas no banco.

Manejar o volante

Na altura de segurar o volante há algo a que quase ninguém presta atenção e muita gente nem sequer sabe: como colocar os dedos polegares. Estes devem permanecer do lado de fora, apoiados por cima do círculo do volante e, em caso algum, devem ser virados para o lado de dentro. Isto é importante porque no caso de um embate forte, a coluna de transmissão da direcção passará aos dedos as vibrações do terreno, provocando lesões mais graves ou entorses. Além disso, com a forma correcta dos dedos, ganharemos velocidade no manejo do volante para mudar de direcção já que mantemos sempre um apoio mas não um travão.

Sendo assim, se conhecemos a postura correcta para o posicionamento, porque é que quando arrancamos começamos logo a rodar o volante de forma incorrecta e largamos as mãos? Não só aquela é a forma mais eficaz para controlar o carro como é a única pensada para garantir a segurança. Na posição certa, o airbag não pode causar-nos lesões graves e os nossos braços mover-se-ão a nosso favor em caso de colisão, suportando grande parte do choque e mantendo-nos no nosso lugar. Por isso, a consciencialização e o reacostumar o nosso corpo a esta postura deve ser a nossa primeira preocupação.

Nas curvas ligeiras

Quando estamos a fazer curvas cujo o ângulo é amplo, por exemplo quando estamos numa auto-estrada, não é necessário tirar as mãos do volante em nenhuma ocasião. Durante a curva, no entanto, é normal que as nossas mãos não permaneçam precisamente na posição das dez para as duas, elas podem chegar às nove ou às três em ponto, oito e cinco ou algo semelhante. É fundamental rodar o volante com ambas as mãos, apesar de ter que haver uma delas que solta um pouco o volante (a do lado da curva), enquanto a outra o roda.

Nas curvas fechadas e com pouco ângulo

Nestes casos, as mãos devem deslocar-se no volante mas nunca largá-lo completamente. A melhor maneira de explicar isto, é exemplificar-vos com uma situação real. Por exemplo, vamos imaginar que estou a fazer uma curva ao lado esquerdo:

  1. Apercebemo-nos da curva e preparamos o carro para a ultrapassar e começamos a mover as mãos, que até agora estavam posicionadas na posição das dez e dez.
  2. Deixamos de fixar o volante com a mão esquerda, mas não a separamos do volante. Pomos essa mão de forma a marcar a posição das doze horas. Quando estiver no sítio certo, fixamos essa mão e é a vez de a mão direita afrouxar a pressão no volante. Nesta altura, a mão esquerda puxará o volante para baixo e a mão direita, sem fazer força, permanecerá no lugar correcto.
  3. Deve repetir-se o ponto número 2 tantas vezes quanto o necessário para rodar o volante. No entanto, não deve ser preciso mais do que uma vez (na condução defensiva e não em situações de desportos ou situações especialmente rápidas). Aqui, a mão esquerda tenderá a voltar à sua posição inicial, “às dez”, e, quando estamos dentro da curva, agimos como se estivéssemos a fazer uma curva suave.
  4. Depois de completar a curva, na hora de endireitar o volante, devemos fazer exactamente o que fizemos para preparar a curva mas trocando as mãos. A esquerda permanece na posição, apenas afrouxando a pressão, enquanto a mão direita subirá até às “doze” e puxará o volante tudo o que for necessário até ele ficar na direcção correcta. Assim, regressaremos à posição inicial e estamos prontos para prosseguir a marcha.

O fundamental desta forma de conduzir, baseia-se em dois princípios: uma das mãos permanece sempre na posição correcta e o volante deve ser rodado sempre a partir da sua zona mais alta.

Esta técnica aplica-se normalmente na condução desportiva e apresenta grandes vantagens se utilizada na condução diária apesar de inicialmente poder parecer de difícil execução ou mais lenta. É precisamente nisso, na rapidez e na capacidade de executar os movimentos correctamente e sem olhar para o volante, que demonstramos ser os melhores condutores, pelo menos a nível técnico.

Não é muito conveniente treinar esta técnica em estradas abertas ao trânsito. Normalmente ficamos nervosos e temos tendência a olhar para o volante em vez de olharmos para o que se passa à frente dele. Um volante de jogos de consola, uma bandeja ou um prato grande lá de casa ou então no nosso carro num descampado serão os melhores lugares. Mas é claro que se nada disto for possível, deve fazer-se numa estrada mas fechada ao trânsito. Quando ganharmos à vontade, aí sim, chega a altura certa de conduzir e pô-la em prática.

Nada de desanimares se no início fores muito lento ou te custar muito utilizar esta técnica. Talvez numa curva mais apertada precises de rodar o volante como fazias antes. O mais importante é a tua persistência e que percebas que conduzir desta forma de vai trazer grandes vantagens: comodidade, segurança e eficácia. E isto porque graças a um correcto manuseamento do volante, acabarás por controlar muito melhor a velocidade com que deves entrar e sair das curvas, entre outras coisas.

Em Circula Seguro | A importância de uma posição correcta para conduzir