Viagens curtas e crianças: a segurança não entende de distâncias

Redacción Circula Seguro

7 de Novembro de 2022

Para começar, um dado devastador: 80% dos acidentes mortais acontece nas viagens curtas. Isto acontece porque é precisamente nestas viagens que mais descuidamos a nossa própria segurança e a dos nossos entes queridos. Tornamo-nos muito confiantes e relaxados com as medidas de segurança: por isso, pedimos que cada vez que estiver prestes dizer ou ouvir frases deste tipo: “Tudo bem se não tiver uma cadeira de criança, estaremos lá num instante”, “Não nos vão parar”, “Por um quilómetro não vale a pena”, “São apenas dois minutos, podemos todos entrar no carro”, etc… pense na probabilidade de 80% desta viagem se transformar numa tragédia totalmente evitável.

Na verdade, seria muito aconselhável eliminar o conceito de “curta distância” do nosso vocabulário de segurança: não podemos aplicar medidas de segurança em função de perto ou longe. É importante ter presente que uma colisão pode acontecer em qualquer altura e, portanto, devem ser tomadas as máximas medidas possíveis para a redução das lesões em qualquer viagem, independentemente de ser curta ou longa.

Transporte para a escola

Isto é particularmente verdade para um dos grupos mais vulneráveis no transporte de carro: as crianças. Ir à escola ou atividades extracurriculares pode tornar-se um pesadelo pelo excesso de confiança, distrações ou stress de chegar ao nosso destino na hora. 60% dos acidentes com crianças ocorrem a menos de 10 minutos da morada.

Por isso, a grande recomendação é sentar sempre as crianças num Sistema de Retenção Infantil (SRI) adequado ao seu tamanho e peso, por curta que seja a viagem. A utilização correta do SRI diminui 75% o risco de morte e 95% o risco de lesões. Embora algumas leis indiquem o uso do SRI obrigatório quando a altura da criança e de 1,35 metros ou menos, é aconselhável continuar a utilizar o SRI até a criança atingir uma altura de 1,50 metros.

Bebés

Quanto aos bebés, embora seja obrigatório em muitas legislações transportá-los para trás até os 15 meses, é muito conveniente manter esta posição sempre que possível. Isto melhora a proteção do seu pescoço, cabeça e costas. Não esquecer que uma pequena colisão ou travagem brusca para um adulto pode não ter quase consequências, mas para um bebé pode ser bem mais prejudicial, especialmente se não estiver a utilizar um sistema de retenção infantil adequado.

Danos nos miúdos

Os principais ferimentos sofridos por crianças em acidentes são:

  • Até 2 anos: a principal área gravemente afetada é o pescoço. Devido ao tamanho da cabeça e à fragilidade da coluna vertebral.
  • Entre 2 e 4 anos: na cabeça, pois as vértebras ainda não são suficientemente fortes para resistir a choques, travagens ou desaceleração súbita.
  • De 4 a 10 anos: no abdómen, pois existe um risco acrescido de hemorragia interna ou dor abdominal, uma vez que os seus órgãos ainda não estão suficientemente ligados ao abdómen.

Recomendações

Por isso, mesmo em viagens que não demorem muito tempo:

  • Todos os passageiros do veículo devem utilizar o cinto ou arnês e as crianças devem viajar nas suas cadeiras corretamente instaladas. É importante verificar que se a criança está bem segura e sem folga no arnês, evitando roupas ou elementos que impeçam a correta fixação à cadeira, como um casaco, e nunca com a mochila posta.
  • O SRI deve ser instalado no banco de trás e, se é possível, no centro.
  • Sempre que a crianças entre ou saia do veículo, deve ir pelo lado mais seguro, do lado do passeio.
  • Ir à escola em tempo útil para evitar estacionar em duplo ou triplo, pois isto obriga a criança a passar entre carros, aumentando o risco de ser atropelada.
  • Naturalmente, conduzir de acordo com os sinais de trânsito, regulamentos de segurança rodoviária e agentes de trânsito.
  • Evite sempre o relaxamento ao volante devido ao excesso de confiança, por conhecer o caminho.