Em Portugal, como em qualquer outro país da Europa, um veículo a motor ou o seu reboque, para circularem na via pública têm de estar segurados com um seguro de responsabilidade civil. Ou seja, para nos fazermos à estrada com um veículo motorizado temos de possuir um contrato com uma seguradora, seja ela qual for.
Segundo o código da estrada português, quem na via pública circular um veículo motorizado ou a ele atrele um reboque sem que estes estejam segurados, incorre numa contra-ordenação muito grave e terá como consequência a aplicação de uma coima, a inibição de conduzir pelo período que pode variar entre um mês e um ano, assim como a apreensão do veículo até à apresentação do documento comprovativo de seguro de responsabilidade civil.
Que seguro contratar?
O problema muitas vezes não é ter um seguro, mas sim que seguro ter. Ou seja, contratar um seguro de responsabilidade civil com uma seguradora, mas saber que produto se pode adquirir, o que protege, como protege e principalmente saber que não estamos a ser ludibriados por quem nos está a segurar ou a representar a instituição que nos está a segurar.
Um seguro de responsabilidade civil pode ter vários preços. Normalmente um adquirente procura um produto mais barato, pensando que este o protege ou segura do mesmo modo que um produto mais caro. Sabendo-se que a economia das famílias não circula pelas melhores estradas, alguns são os casos em que o barato sai caro, pois contamos que o seguro nos faça uma determinada proteção, quando na realidade ele protege de uma forma muito mais limitada.
Que proteções contratar?
Sendo obrigatória a proteção civil, outras são as proteções que podem surgir associadas a esta apólice; proteção de vidros, assistência em viagem, proteção de passageiros e condutor, roubo, etc… Para percebermos melhor aquilo que estamos a abordar, fui falar com o senhor Rui Ribeiro, agente de seguros da empresa Seguroffice.
Coloquei-lhe algumas questões que me parecem pertinentes para quem quer segurar a sua viatura. Gentilmente, como é seu apanágio, o Rui acedeu em responder às minhas questões, assim como acrescentar informação muito válida para os leitores do Blog Circula Seguro.
Que garantias adicionais tem o meu seguro?
Segundo nos informou o Rui “O Seguro de Responsabilidade Civil é igual em todas as Companhias – é um seguro regulamentado por Lei e como tal, as garantias são as mesmas onde quer que o vás fazer!”
Acrescenta ainda que ” Devemos saber quais são todas as garantias acessórias/adicionais que estão incluídas na Apólice quando adquirimos o seguro”
E para que saibamos exatamente do que se está a falar, explica-nos ao pormenor;
“A Assistência em Viagem varia de Companhia para Companhia. Aquilo que mais se destaca nesta Garantia – e o que as Pessoas mais usam – é o Serviço de Reboque. Esta garantia pode fazer toda a diferença, já que os valores contratados para o Serviço de Reboque são variados. Desde € 170,00 até € 500,00 há de tudo um pouco.
Se uma Apólice tiver o valor mínimo, podem não te rebocar o carro de Aveiro para a Figueira no próprio dia … o carro vem sempre para a localidade da residência, mas vem em transporte coordenado e pode demorar vários dias.”
“A Protecção Jurídica é (do meu ponto de vista) apenas “mais” uma garantia … no n/ caso, somos nós próprios que damos a assistência necessária ao n/ Cliente e salvo uma ou outra excepção, nunca foi nenhum caso para Tribunal.”
“A garantia de Ocupantes de Viatura, não é mais do que um Seguro de Acidentes Pessoais para os Ocupantes. Pode ser contratado para TODOS OS OCUPANTES ou apenas para o CONDUTOR. Como os Ocupantes da Viatura, excepto o Proprietário ou o Condutor são considerados “Terceiros” (abrangidos pela garantia de Responsabilidade Civil), muitos Mediadores vendem a cobertura apenas para o Condutor … mas esquecem-se que por vezes o proprietário não vai a conduzir e não está abrangido pelo seguro de Responsabilidade Civil.
Nós vendemos sempre Todos os Ocupantes. As variações que existem, são em função dos Capitais que se contratam … podes ter € 10.000,00 para Morte ou Invalidez Permanente e € 1.000,00 de Despesas de Tratamento, ou € 50.000,00 para Morte ou Invalidez Permanente e € 10.000,00 de Despesas de Tratamento, mais Subsídio Diário mais Despesas de Funeral … enfim, é quase um serviço “à lista”. Os valores que indiquei são sempre por Ocupante. Está incluído nas Apólices, pois faz parte do “pacote” …”
“A Quebra de Vidros (… agora está na moda …) é outra garantia que pode ter os seus “truques”. Há Companhias que só vendem esta garantia com uma Franquia de € 50,00, e outras que têm a opção de ser com ou sem franquia. O limite contratado é sempre por anuidade, ou seja, se tens o capital de € 1.000,00 e partires o vidro da frente, que vai custar € 300,00, só tens mais € 700,00 para gastar nessa anuidade.
Muitas vezes não temos a noção dos valores dos vidros, e o proprietário do carro também não … até termos um sinistro. Uma vez fiz um seguro a um Citroen C6, com € 1.500,00 de Quebra de Vidros. Azar … o para brisa partiu-se e custava a módica quantia de € 2.400,00 … Há Companhias que não aplicam a Franquia quando recorremos a Oficinas convencionadas e quando se vai às outras – as que não têm protocolo com a Companhia – já têm franquia e, nalguns casos, é obrigatória a peritagem …”
O que produto procurar?
Então Rui, quando nos dirigimos a um mediador, que serviço devemos procurar?
“Quando te diriges a uma Companhia, não deves procurar exclusivamente “preço”, mas sim serviço!! Para teres um bom seguro de Assistência em Viagem, terás que o pagar – por vezes são mais € 10,00/ano, mas é a diferença entre ficar “pendurado” ou ter uma viatura de substituição por avaria …
O que nós vemos “todos os dias” é que as pessoas querem o mais baratinho possível e quando têm um “azar”, estão à espera de ter as garantias de alguém que paga mais 15 ou 20 Euros por ano … como tudo na vida, há que ponderar o que eu necessito quando tenho um acidente ou uma avaria! O que as pessoas deviam procurar é o SERVIÇO do Mediador!! Poucos se preocupam com a qualidade/profissionalismo do Mediador … mas na altura de um sinistro, faz toda a diferença.”
Agora já não podem haver dúvidas quanto ao produto que devemos contratar. Devemos é ter o cuidado de perceber se o produto que contratamos é aquele que nos serve ou não.
Foto ¦ Rui Ribeiro e FxJ