No ano de 2020 a sinistralidade rodoviária, como muitos outros fenómenos da sociedade, foi fortemente condicionada em Portugal, na Europa e no Mundo, pelas alterações verificadas na mobilidade, e consequentemente na exposição ao risco de acidente e no comportamento dos utentes das vias, em resultado das medidas de confinamento tomadas para conter a pandemia do SARS Cov-2.
O impacto dessas medidas restritivas da mobilidade é patente na diminuição no consumo de combustível rodoviário de 14,4% registada em 2020 face a 2019 de acordo com informação da Direção Geral de Geologia e Energia (DGEG), correspondendo a uma variação no mesmo sentido dos quilómetros percorridos.
No entanto, o que o relatório da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária do ano 2020 mostra é que a queda da sinistralidade foi mais acentuada do que seria de esperar, tendo por compração a diminuição da circulação automóvel.
Estes são os números:
Em 2020 registaram-se 26.501 acidentes com vítimas no Continente, dos quais resultaram 390 vítimas mortais ocorridas no local do acidente ou durante o transporte até à unidade de saúde, 1.829 feridos graves e 30.706 feridos leves.
No período compreendido entre 01 de janeiro a 18 de março, antes do primeiro período de confinamento decorrente do primeiro Estado de Emergência, verificou-se uma redução geral da sinistralidade quando comparada com mesmo período do ano transato: menos 424 acidentes (-6,2%), menos 22 vítimas mortais (-22,0%), menos 41 feridos graves (-9,6%), menos 536 feridos leves (-6,5%) e menos 0,25 no índice de gravidade dos acidentes (-16,9%).
Em termos globais, comparativamente com 2019, em 2020 observou-se uma melhoria nos principais indicadores de sinistralidade no Continente: menos 9.203 acidentes (-25,8%), menos 84 vítimas mortais (-17,7%), menos 472 feridos graves (-20,5%) e menos 12.496 feridos leves (-28,9%).
Ou seja, as reduções verificadas nos acidentes e nas suas consequências foram em 2020 superiores à redução do combustível rodoviário (-14,4%), e consequentemente à circulação rodoviária.
Como será em 2021, com o progressivo desconfinamento é a questão que se coloca agora.
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