Ter carta e não conduzir

Ines Carmo

28 de Julho de 2017

Cada vez é mais frequente haver pessoas que apesar de terem carta, não conduzem habitualmente ou deixaram de o fazer. E os motivos são muitos: desde comodidade até sérios problemas psicológicos. Vejamos os motivos e que solução pode haver para cada caso.

Não conduzo porque não preciso

O que nos vem primeiro à cabeça são as pessoas mais velhas. Aquelas que tiraram carta há muitos anos e que já não pegam num carro há décadas. Quer seja porque o cônjuge ou os filhos os conduzem, ou porque o local onde moram não o exige, ou até mesmo porque já não se sentem capazes de o fazer.

No entanto, este é um fenómeno cada vez mais frequente entre os jovens. O normal é tirar a carta aos 18 anos, mas nem todos podem comprar um carro logo após o exame, nem tem oportunidade de pedir emprestado o veículo dos pais ou irmãos mais velhos com a frequência desejada. O que acaba por acontecer é encontrar-se outra forma de se movimentarem.

Também nas grandes cidades é frequente. A comodidade do transporte público, o custo de manter um veículo, o trânsito no centro, ter amigos com carro próprio… tudo pode fazer com que uma pessoa passe 5 ou 10 anos quase sem tocar num carro. O perfil mais comum é o de mulheres de cerca de 30 anos, que tiraram a carta cedo, mas nunca chegaram a conduzir com regularidade.

velhote

Não conduzo porque não gosto

Se é leitor habitual do Circula Seguro, é provável que goste de conduzir. Ou, pelo menos, preocupa-se com segurança rodoviária, e é provável que seja um condutor habitual. Por isso é possível que lhe faça alguma confusão que, simplesmente, haja gente que não goste de conduzir.
É relativamente frequente em recém «encartados», que mesmo que não tenha passado muito tempo após o exame de condução, não se sintam com confiança suficiente para se fazerem à estrada sozinhos, sem a supervisão de um professor ou de um tutor (com o pai, por exemplo). Por isso, é importante que as aulas da escola de condução sejam devidamente orientadas para que os alunos aprendam a conduzir em situações reais e a familiarizar-se com todo o tipo de ambientes.
Também pode acontecer a pessoas que sofrem de stress ou propensas a sofrer crises de ansiedade. Nestes casos, as situações de trânsito congestionado ou falta de lugar para estacionar não são propriamente agradáveis e é onde se cria maior aversão a conduzir.

Não conduzo porque tenho medo

A aversão a conduzir pode agravar-se com o tempo, até  se transformar- num verdadeiro medo. Há várias fobias que podem incapacita as pessoas de conduzir automóveis. Normalmente, são medos que se agravam exponencialmente perante uma situação de risco, apesar de o trauma pós-acidente não ser uma condição necessária para o surgimento de uma fobia.
Claro, os traumas devido a acidentes na estrada (incluindo quando foram vividos na primeira pessoa) são os motivos mais frequentes para o desenvolvimento de fobias como a amaxofobia (medo de conduzir). Voltar a conduzir depois de um sinistro é um dos maiores desafios que se pode colocar a uma pessoa, mesmo que seja uma atividade fácil quando temos experiência e confiança. No entanto, exige atenção e concentração e pode pôr a nossa vida em perigo.

Como voltar a conduzir após tantos anos?

Na maioria dos casos, quando o medo de conduzir resulta da falta de hábito, basta fazer umas aulas de «reciclagem». São aulas ministradas pelas escolas de condução e têm um custo mais baixo do que as aula para tirar a carta. Direcionam-se apenas a quem só precisa de se familiarizar com o carro, aprender as diferenças nas regras do Código da Estrada, infraestruturas ou equipamentos, relativamente à época em que tiraram a carta. São aulas que antes só se realizavam no verão, mas devido ao aumento dos pedidos, agora já se realizam durante todo o ano.
No entanto, se o medo é produzido por uma situação pós-traumática e se transforma num problema sério, é necessário recorrer à ajuda de médicos especializados neste tipo de terapias.
Em qualquer dos casos, lembre-se que enfrentar o medo é sempre a melhor maneira de o vencer.

Fonte: Circulaseguro.com