Transporte de mercadorias

Jorge Ortolá

9 de Maio de 2014

Ainda que regulado por legislação, o transporte de mercadorias não é, em muitos casos, respeitado pelos condutores que o efectuam. Tal situação faz com que em muitas ocasiões a carga mal acondicionada intervenha na prestação da condução do próprio que efectua a carga ou, noutros casos mais extremos, de condutores terceiros.

Quando efectuamos uma carga, devemos ter o cuidado de a acondicionar devidamente pois, não o fazendo, soltando-se, ela pode ser projectada contra o habitáculo do próprio veículo, desequilibrando-o ou na pior da situações para fora do transportador, condicionando a segurança alheia.

Um caso real durante a formação de uma lição

Num destes dias, enquanto ministrava uma lição prática de condução de automóvel ligeiro no IC2, em Coimbra, circulávamos no sentido sul-norte e a cerca de mil metros da saída para Vilela-Fornos, tudo aconteceu. A rapidez dos acontecimentos foi de tal ordem que o pior não aconteceu por grande sorte e reacção dos formando.

Circulávamos a uma velocidade de aproximadamente 80 km/h. Atrás do nosso veículo circulava um automóvel ligeiro de mercadorias, daqueles de caixa de carga aberta. Na via do lado, a cerca de uns vinte metros e já a efectuar a ultrapassagem vinha um pesado de mercadorias, tractor com semi-reboque.

Sem se perceber da verdadeira razão e não respeitando as normas inerentes à manobra de ultrapassagem, o automóvel ligeiro saiu da nossa traseira e deu inicio à manobra sem, certamente, se certificar primeiro quem transitava na via de transito adjacente.

Esse veículo ligeiro de transporte de mercadorias trazia, na caixa de carga, um contentor com cerca de metro e sessenta de altura com um diâmetro de aproximadamente 850 mm, em plástico. Já na via da esquerda, em plena ultrapassagem, quando já circulava, ainda que na via da esquerda, a cerca de uns dez metros diante de nós e já com o pesado ao nosso lado, saltou o contentor da sua traseira.

Ao ver o enorme contentor a saltar e a se projectar na nossa direcção e na do pesado de mercadorias, o formando guinou levemente a direcção para a direita, tendo eu que intervir, puxando ainda mais o automóvel. Por razões que não posso explicar, por que tenho conhecimento, o contentor ao tocar o chão pela segunda vez, já entre o nosso veículo e o pesado de mercadorias, que entretanto já tinha travado, o contentor virou na direcção do automóvel pesado, acertando-lhe lateralmente.

Após esta colisão, o contentor rolou ao longo de alguns metros na nossa traseira, indo-se imobilizar junto aos rails de protecção. Por sorte, atrás do nosso automóvel não transitava nenhum veículo a distância sujeita a impacto com o contentor.

Uma vez que não se encontrava bem acondicionado, até porque não se encontrava preso, com as alterações do ar que aconteceram na traseira do veículo ligeiro de mercadorias, fez com que este, apesar do seu elevado peso, levantasse voo e se projectasse para a retaguarda. Felizmente não aconteceu nada mais do que um enorme susto e alguns danos menores no automóvel pesado de mercadorias.

Transporte de marcadorias

Se um motociclista circulasse na retaguarda

No entanto, se por um acaso circulasse no local um motociclista, as consequências seriam muito piores, se não mesmo trágicas. Assim, torna-se imperioso que os condutores que efectuam carga de mercadorias, devem acondicioná-las convenientemente. A utilização de plásticos na cobertura da carga deve ser bem efectuada, uma vez que se este se libertar, ao ser projectado para a retaguarda, pode condicionar em muito os condutores que circulam no mesmo sentido.

Foto¦ Joost Baker