Um formador ocasional não resulta

Jorge Ortolá

22 de Agosto de 2014

 

Todos sabemos que a maioria dos pais tem como objectivo, um dia, ensinar os seus filhos a conduzir um automóvel. É, julgam uns, um passo importante para uma afirmação social, que na verdade não existe, enquanto outros, fazem-no com a ideia  de que um dia, mais tarde, os filhos já irão para uma escola de condução a saber mais alguma coisa.

O formador ocasional é uma pedra, em maior parte dos casos, para a segurança rodoviária, para a aprendizagem e formação do futuro condutor.  É um obstáculo, por vezes, difícil de contornar e em muitos casos de todo impossível, uma vez que já têm hábito enraizados que insistem em não abandonar.

 O pai formador ou educador?

Uma carta de condução, nos dias de hoje, não é de todo barata. Não por razões da mesma ter um custo elevado, mas sim porque a economia do país não é das melhores e as famílias necessitam canalizar os seus recursos financeiros para bens essenciais.

Acontece que, cada vez mais, os jovens desejam ter uma autonomia de movimentos, não estando sujeitos à dependência dos pais para se deslocarem entre pontos de seu interesse ou necessidade. Querem ser possuidores de uma carta de condução e, se possível, de veículo próprio.

Quando se acercam de uma escola de condução, buscam, erradamente, o valor mais baixo e pouco se preocupam com a qualidade na formação. Quando chega o momento de desenvolver a prática da coisa, optam por assumirem o papel do formador e desenvolvem lições caseiras, recorrendo a parques de estacionamento ou vias pública pouco movimentadas.

É verdade que um pai encartado é uma pessoa habilitada a conduzir um veículo na via pública. No entanto, sabemos que a condução de uma pessoa encartada vai sofrendo alterações ao longo dos anos de prática, sendo regras formais substituídas por regras informais e que vão adquirir uma presença formal nesse condutor.

Ao ensinar o seu filho a conduzir em casa, as regras que vão ser ministradas são as falsas formais, o que vai fazer com que haja conflito quando o jovem as aplicar no ensino na escola de condução ou até mesmo no exame prático.

Assim, coloca-se a questão; Será um pai/mãe um bom formador se não estiver habilitado a sê-lo nessa área, ou será melhor optar pela vertente de educador? A resposta parece-nos bastante clara. Um pai/mãe, antes de pensar em ser um formador, deve ser um bom educador. Deve dar bons exemplos rodoviários ao seu filho(a), ter boas posturas e correctos comportamentos.

Antes de pensar em colocar o seu filho(a) ao volante de um automóvel, deve ensiná-lo a andar de bicicleta, oferecer-lhe um manual de regras de segurança para essa mesma bicicleta e, mais tarde, um livro de “Código da Estrada” para que ele(a) possam começar a ter um contacto com as regras e os sinais de trânsito.

Quando chegar o dia em que o filho diz ao pai que quer aprender a conduzir, o pai deve com ele sentar-se a uma mesa e juntos desenvolverem uma série de testes de código da estrada para perceberem, os dois, cada um no seu campo se, o pai tem real conhecimento das regras e sinais de trânsito para as poder transmitir ao seu filho e o filho se conhece minimamente essas mesmas regras e sinais de trânsito.

Porque se nenhum deles estiver preparado, não devem avançar para o passo seguinte, o que deveria acontecer em toda a percentagem. O que muitas vezes acontece, é que os pais avançam para o papel de formador, esquecendo-se do de educador e depois o custo do processo sai muito mais caro, pois não permitem aos seus filhos adquirirem formação essencial.

Foto¦ Scarry Mommy