A vida de riscos que os motoristas de transporte rodoviário estão sujeitos

André Serrano

10 de Janeiro de 2015

Num relatório do Observatório Europeu dos Riscos, que abrange todo o setor dos transportes, são destacados, relativamente ao sector do transporte rodoviário, os seguintes perigos, riscos e problemas no domínio da SST:

  • Entre os principais perigos e riscos físicos, contam-se os seguintes: a exposição a vibrações e a longa permanência na posição de sentado (conceção do assento, da cabina e de outros equipamentos); a movimentação manual de cargas; a exposição ao ruído – nas operações de carga e descarga, e durante a condução de camiões (motores, pneus, ventilador, etc.); inalação de gases e vapores, e manipulação de substâncias perigosas (gases de escape, produtos químicos transportados, combustível, exposição ao pó da estrada nas operações de carga e descarga e nas pausas para descanso e para lavagem e preparação do veículo); condições climáticas (calor, frio, seca, chuva, etc.); pouca margem para a adoção de condições de trabalho ergonómicas e estilos de vida saudáveis.

  • fadiga é, de acordo com o estudo da Eurofound sobre as condições de trabalho na Europa e diversos estudos nacionais, o problema de saúde mais comummente referido nos transportes terrestres. O sector dos transportes rodoviários é altamente competitivo. O trabalho é cada vez mais intenso, e os motoristas sofrem pressões cada vez maiores, nomeadamente por parte dos clientes, que querem que as entregas sejam mais rápidas e mais baratas, a que se somam problemas como os da gestão baseada na satisfação imediata das encomendas, do aumento do tráfego e da monitorização remota, bem como os dos horários irregulares e dos longos períodos de trabalho de muitos destes trabalhadores.

 

  • violência e o assédio estão a aumentar no sector dos transportes, mas, na maior parte dos casos, não são comunicados. É frequente os trabalhadores do sector dos transportes terem de agir como intermediários involuntários em matéria de mudanças organizativas que afetam o serviço prestado aos clientes. Faltam, também, procedimentos de comunicação, medidas de prevenção e hábitos de acompanhamento.

 

  • A mão-de-obra do sector dos transportes está a envelhecer a um ritmo superior ao da população ativa em geral, e podem emergir problemas de escassez de oferta de trabalho.

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  • As mudanças no perfil das funções incluem a utilização cada vez mais intensa das novas tecnologias – ferramentas de planeamento e monitorização à distância, computadores de bordo para comunicação e registo das entregas de mercadorias, e outras – e a necessidade de conhecimento dos códigos da estrada existentes na UE e de línguas. Por outro lado, o trabalho é mais monótono e as oportunidades de aprendizagem mais escassas comparativamente ao que acontece com a população ativa em geral.

 

 SubsectorAlguns problemas e questões em destaque
Transporte público de passageiros
  • Violência e assédio
  • Maior contacto com os clientes, nomeadamente para lhes explicar as alterações organizativas, mesmo nas bilheteiras
  • Trabalho solitário
  • Trabalho por turnos
  • Tarefas simultâneas dificilmente compatíveis (atender clientes e conduzir), que dão origem a tensão arterial elevada e a doenças cardiovasculares
  • Necessidades de uma mão-de-obra que está a envelhecer
 Serviços de transporte de passageiros em táxi
  • Violência e agressão, e falta de formação e de sistemas de comunicação
  • Trabalho solitário
  • Problemas relacionados com o horário de trabalho e o trabalho por turnos
  • Conceção do local de trabalho
  • Necessidade de utilizar meios de comunicação durante a condução
Transporte rodoviário de longo curso
  • Gestão just-in-time, que provoca muita pressão no trabalho
  • Pressões exercidas pelos clientes; o trabalho em instalações de terceiros
  • Utilização cada vez mais intensa da monitorização remota e de tecnologias complexas
  • Conceção do local de trabalho
  • Acessibilidade das instalações e dos serviços (higiene, alimentação, assistência médica)
  • Doenças infeciosas
  • Violência e agressão
  • Trabalho solitário
  • Longa permanência na posição de sentado e exposição a vibrações
  • Riscos de acidente, designadamente durante as operações de carga e descarga
  • Necessidades de uma mão-de-obra que está a envelhecer
Transporte de mercadorias perigosas
  • Riscos de acidente, incluindo os de incêndio e explosão
  • Exposição a substâncias perigosas, em particular no decurso das operações de carga e descarga
  • Risco de queda para o exterior do veículo ou outro meio de transporte
Serviços de entregas
  • Condições imprevisíveis nas instalações dos clientes, nomeadamente quanto à disponibilidade de equipamentos auxiliares de elevação suficientemente seguros
  • Expectativas dos clientes e contacto
  • Riscos de acidente e condições climatéricas no caso, por exemplo, dos estafetas que utilizam bicicletas
  • Elevação e manipulação de pacotes/mercadorias de dimensões e formas imprevisíveis
  • Questões organizativas relacionadas com o trabalho – a pressão no trabalho provocada por alterações de última hora nas tarefas e a utilização da monitorização remota/sistemas de contacto (os motoristas recebem instruções enquanto conduzem)
Todos os subsectoresA convergência e a combinação específica de riscos e fatores envolventes – nomeadamente os riscos ergonómicos, os fatores de tensão ao nível da organização do trabalho, o ruído, as substâncias perigosas, as vibrações, os horários de trabalho irregulares, o afastamento de casa e a inexistência de um local de trabalho fixo, a falta de instalações, a complexidade da situação laboral, a necessidade constante de adaptação e as inúmeras alterações estruturais do sector – constituem um enorme desafio em termos de controlo e prevenção.

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Informações complementares disponíveis no relatório
OSH in figures: Occupational safety and health in the transport sector — an overview (apenas em inglês)