Descobrindo os travões

Duarte Paulo

16 de Agosto de 2013

Os travões são um dos elementos mais importantes para garantir a segurança ao volante de um automóvel, para mim, pessoalmente, em igual nível de importância com o mecanismo de direção.

Vamos conhecer o sistema de travagem de um automóvel, em primeiro lugar é necessário saber que este sistema é composto por diversos elementos, a saber:

  • Pedal de travão
  • Alavanca do travão de mão
  • Canalizações e tubagens
  • Depósito do líquido de travões
  • Líquido de travões
  • Servofreio
  • Bombas de travão
  • Repartidor do travão
  • Pastilhas e calços de travão
  • Discos e tambores de travão

Os sistemas de travagens de viaturas modernas são geralmente compostos por um ou dois tipos de mecanismo de travagem, sendo que na frente usam sempre discos e na traseira dependendo dos modelos, podem ser também discos ou em alternativa, podem usar tambores.

Travões de disco

O sistema de travões de disco funcionam da seguinte forma, o disco de travão roda em conjunto com a roda e a pinça de travão, onde estão as pastilhas de travão, é fixa na suspensão e não gira.

Ao aplicar pressão no pedal de travão, o líquido de travões circula nas tubagens, atuando nas bombas e consequentemente as pastilhas de travão são empurradas contra o disco, obrigando-o a perder velocidade por fricção.

Nos travões de disco as superfícies de fricção são expostas aos elementos externos, tais como água, poeira e outros, tem a vantagem de serem facilmente arrefecidos pelo ar que circula em redor ao disco. A superfície de travagem deverá ser regular de forma a assegurar uma travagem eficaz.

Travões de tambor

O sistema de travões de tambor é composto por tambor, calços e cilindros. A pressão exercida no pedal é transmitida pelo líquido de travões, através das tubagens, os cilindros pressionam os calços contra o tambor, neste tipo de travões o tambor roda junto com a roda e os cilindros são fixos.

Nos travões de tambor para obter uma travagem eficaz o sistema deverá ser estanque, não permitindo a entrada de elementos estranhos, o tambor deverá ter uma forma cilíndrica perfeita e com uma superfície de travagem regular.

As pastilhas e calços de travão são fabricadas num material mais mole do que os discos ou tambores, naturalmente, por isso as pastilhas e calços desgastam-se progressivamente com o uso, por este motivo são considerados como consumíveis.
O desgaste provém do atrito que provocado pela travagem, ao reduzir a velocidade de rotação da roda, além do atrito em si já provocar desgaste, este é acelerado devido ao calor que é gerado durante a travagem.

O desgaste das pastilhas e calços de travão provocam um aumento das distâncias de travagem. Para sua segurança sempre que detetar uma dificuldade em conseguir travar numa distância que anteriormente conseguia, consulte o mecânico para verificar os travões.

Duração previsível

Sabendo que é um consumível, logo algo com desgaste, deveremos ter em atenção que a maioria dos fabricantes indica que numa utilização normal as pastilhas de travão deverão durar cerca de 40.000 quilómetros aconselhando uma verificação a cada 10.000 quilómetros.

No caso dos calços de travão a sua duração é superior, não devido a terem uma maior resistência mas sim devido a serem usados somente no eixo traseiro onde a potencia de travagem aplicada é muito inferior, são considerados sendo capazes de resistirem 80.000 quilómetros, mas é aconselhado verificar o seu estado e desgaste a cada 20.000 quilómetros.

Os discos de travão também vão perdendo as suas características e convém verifica-los aquando da mudança de pastilhas. Alguns fabricantes aconselham a substituí-los a cada duas mudanças de pastilhas, aproximadamente 80.000 quilómetros.

O líquido de travões, é o elemento que exerce a pressão às bombas e cilindros, garantindo que a travagem se efetua, quando, após uma longa descida, ficamos com o pedal “mole” e potencialmente sem travões, isso deve-se ao aquecimento deste líquido.

Devido ao calor que o líquido atinge a cada travagem as suas propriedades alteram-se, deteriorando-o, gerando humidade, deixando de conseguir ocupar o espaço normal nas tubagens e garantir a pressão necessária, permitem que sejam mais comprimidos num espaço mais pequeno não fazendo a pressão necessária a uma travagem eficaz.

Para que não coloque a sua segurança em risco e não tenha uma falha devido à deterioração do liquido, os fabricantes recomendam a substituição total do liquido de travões no mínimo a cada 2 anos.

Outros componentes

Ainda falta falar de alguns elementos, no caso do depósito de líquidos de travões, é explícito. O servofreio, é um mecanismo que utiliza vácuo criado pelo motor para auxiliar a travagem, aumenta a potência e rapidez da travagem, melhorando a travagem significativamente.

O último elemento que falta falar é o repartidor de travagem, que também é quase explícito, ou seja pelo nome percebe-se que reparte a travagem, isso acontece na potencia de travagem que é enviada para as rodas traseiras, pois o sistema na generalidade dos carros é em formato de Y, dois canais para a frente, um para cada roda, e um para a traseira, onde se situa o repartidor.

Além dos cuidados acima mencionados o sistema de travagem do seu veículo está em mau estado se detetar algum dos seguintes problemas:

  • Se a luz dos travões se acender no painel de instrumentos do seu veículo, motivo: pastilhas gastas.
  • Se for preciso mais força no pedal de travão do que o habitual, motivo: problemas no servofreio ou no cilindro mestre.
  • Se o veículo se desviar para um lado nas travagens, motivo: problemas no repartidor de travagem.
  • Se o pedal se afundar sem pressão, motivo: Fuga, ou sobreaquecimento, no circuito do líquido de travões.
  • Se notar vibrações ou pancadas no pedal, motivo: discos empenados.
  • Se o percurso do pedal é maior do que o habitual, motivo: pastilhas desgastadas ou falta, ou deterioração, do líquido dos travões.