António Ferreira

19 de Julho de 2013

Por trás das siglas ABS encontra-se o sistema anti-bloqueio de travões, o anti-lock braking system ou, em alemão, Antiblockiersystem. Menciono o termo em alemão, porque a primeira patente de um sistema que impedisse o bloqueio dos travões parece ser propriedade do fabricante alemão Bosch, em 1936. Não obstante, o primeiro a usar travões ABS (na aviação) foi Gabriel Voisin em 1929, sendo que por esta razão iremos considerá-lo o inventor. Além disto, até meados dos anos 60, não se pôs em prática este sistema em automóveis.

O problema que o ABS procura solucionar é impedir que os pneus bloqueiem durante uma travagem brusca e, para além disso, se perca aderência e estabilidade durante a travagem, tendo como consequência a multiplicação da distância que prolonga tal travar. Com isto também se multiplicam as probabilidades de se ter um acidente.

Creio que o ABS é o sistema de segurança que mais tem contribuído em favor da vida humana, a par do cinto de segurança e o airbag. O ABS é um sistema que reage perante os indícios de bloqueio dos pneus, regulando a pressão sobre o sistema de travagem sem que o condutor tenha de intervir. E como resultado disto, os pneus não bloqueiam e o condutor mantém o controlo sobre o volante a todo o instante.

Travagens de emergência e casos em que o ABS não é utilizado

A situação é a que se segue: a melhor travagem, a mais eficaz, acontece quando, a dada velocidade, se exerce a amplitude máxima de força sobre a travagem, sem que nenhum dos elementos que contribuem para a travagem deixem de funcionar correctamente. O factor que limita isto incide no pneu. Embora soe um pouco “duro”, o bloqueio dá-se quando o toque entre o pneu e a calçada atinge um valor inferior de coeficiente em relação à aderência máxima.

Nesse momento, deixamos de ter controle sobre a travagem e o volante. É perigoso. Esta situação dá-se sobretudo durante as travagens de emergência, em momentos que nós não podemos regulamentar a pressão exercida na travagem, nem voltar a ter aderência suficiente para conseguir continuar a travar: o sistema fá-lo-á por nós, actuando de forma independente em cada roda e confirmando se a velocidade de rotação da roda é a que deve ser, de acordo com a velocidade actual.

Se a velocidade de rotação é menor do que aquela que se espera, está-se a aplicar demasiada força na travagem e o sistema “intui” um bloqueio, pelo que reduz a pressão da travagem de modo a evitar a situação. Isto, amigos, salva vidas. E muitas.

Quando é que não convém ter o ABS ligado? Em condições de neve, ou terrenos soltos, onde a aderência é mínima (gravilha solta, poeira, etc.). Nessas condições é extremamente fácil bloquear os pneus, pelo que o ABS trabalhará por uma quantidade determinada, alargando de forma considerável a distância da travagem. Sem ABS, os pneus bloquear-se-ão, mas também “abrirão caminho” na neve ou na gravilha, contribuindo para encontrar um “solo” mais aderente, de modo a facilitar-nos a vida.

Outra situação onde não convém utilizar o ABS é no automobilismo de competição. Por exemplo, na Fórmula 1. A razão? O ABS, da mesma forma que o controle de tracção, torna os carros mais lentos (aumenta a distância de travagem). Mas isso é outra história, e deve ser abordada noutra altura.

Dicionário de sistemas de segurança para automóveis

Anti-lock braking system, ou sistema anti-bloqueio de travões

Impede o bloqueio dos pneus durante uma travagem. Actua de maneira independente em cada roda e permite conter a distância da travagem dentro de um limite razoável, do mesmo modo que mantém o controle sobre a direcção.

Também conhecido por:

ABS

Relacionado com:

EDL, ESP, ASR

Inventor/Ano:

Gabriel Voisin/1929