As motos também podem (e devem) integrar sistemas ADAS

Miguel Alves

21 de Outubro de 2020

A implementação massiva dos sistemas ADAS (“Advanced Driver Assistance Systems”; em português “sistemas avançados de assistência ao condutor”) trará muitos benefícios na redução de acidentes. Até agora, conhecíamos a sua introdução em veículos de quatro rodas. E quanto aos veículos de duas rodas? Os motociclos podem também ter estes sistemas de assistência à condução? Claro que sim. E não só: já estão a integrá-los.

Ainda há algumas dúvidas acerca do que consistem esses sistemas de apoio ao condutor (ADAS). Quais são? Quantos tem? Que situações evitam? Como saber se um veículo que pensamos adquirir tem essas tecnologias?

Para ajudar a resolver essas questões, a Fundação MAPFRE lançou em Espanha um novo espaço informativo que visa esclarecer este género de interrogações. Embora esteja em espanhol, aconselhamos a sua leitura.

No Circula Seguro, temos vindo a falar nos últimos anos sobre tecnologias avançadas de assistência ao condutor como o assistente de travagem automática, a manutenção na faixa de rodagem ou a deteção de fadiga ao volante.

Sistemas ADAS em motos, são possíveis?

Moto y casco

Os sistemas avançados de assistência ao condutor são indiscutivelmente uma antecipação e uma preparação dos grandes benefícios para a segurança rodoviária que a condução autónoma promete. Tanto que a União Europeia tornará a sua incorporação obrigatória a partir de julho de 2022.

E se falamos de automóveis autónomos, faz sentido falar de motos autónomas?

Os automóveis de passageiros parecem estar anos à frente das motocicletas nesses desenvolvimentos. Isso não significa que os veículos de duas rodas serão deixadas de fora.

Por enquanto, já existem protótipos de motos autónomas, como a Yamaha MOTOROiD ou a NC750S com tecnologia Honda Riding Assist. Este último assistente faz com que a moto mantenha o equilíbrio por conta própria. Uma solução promissora que poderia muito bem ser usada como um sistema de assistência independente.

Que sistemas ADAS há em motos?

Alguns fabricantes já trabalham há algum tempo para oferecer motos com sistemas ADAS. É o caso da Kawasaki, que no final do ano passado anunciou o que chamou de “Advanced Rider Assistance System” (“Sistema Avançado de Assistência ao Condutor”).

Assim, deu-lhe uma identidade própria ao modificar a sigla ADAS por ARAS (a diferença é que se destinam a “Riders”, em vez de “Drivers”), com três tipos de assistentes desenvolvidos pela Bosch.

A Bosch destaca que os seus sistemas ADAS em motos são capazes de prevenir 1 em cada 7 acidentes.

No caso da moto são instalados dois radares específicos (dianteiro e traseiro) que fazem a leitura do que acontece em redor da moto.

As três tecnologias são as seguintes:

ACC (Adaptive Cruise Control)

Tal como acontece com os automóveis, o cruise control adaptativo gere a velocidade da moto dependendo dos outros veículos que estão na estrada. Isso dá à moto a capacidade de manter uma distância segura o tempo todo, algo muito útil especialmente quando há maior densidade de tráfego. É uma das atuais frentes na batalha para aumentar a segurança rodoviária e reduzir acidentes.

Deteção de ponto morto

Um dos assistentes mais valiosos e, ao mesmo tempo, simples de integrar, são os sensores que alertam da presença de outros veículos quando se muda de faixa. São sistemas que estão no mercado há cerca de uma década, provando ser altamente eficazes.

Aviso de colisão frontal

O mais recente sistema desenvolvida pela Bosch para motos consiste num dispositivo que alerta sobre uma possível colisão frontal. Ao contrário do que acontece com esta tecnologia nalguns fabricantes de automóveis, neste caso o sistema não intervém para tentar evitar o embate. Atua na fase anterior, a de lançar um sinal de perigo.

Como será no futuro?

Moto en la niebla

O avanço considerável das tecnologias de apoio à condução nos últimos anos levou a que estes dispositivos passassem a detetar inúmeras situações que ocorrem na estrada.

Daí que o passo dado entre a Bosch e Kawasaki será seguido por outros fabricantes de motociclos, como KTM e Ducati, entre outros, a bem da segurança.

Claramente, no futuro, as motos irão passar também a ter tecnologias de segurança alinhadas com as que os automóveis apresentam.

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