A bicicleta é o meio de transporte que mais crescimento tem tido no continente europeu. Está consolidada em alguns países como a Dinamarca ou Holanda, mas há que notar o seu aparecimento em outros onde não era tão popular. Esta nova tendência é o sinal dos tempos rumo a uma mobilidade mais sustentável.
As autoridades apoiam cada vez mais a utilização da bicicleta para diferentes tipos de deslocações, entre as quais as urbanas. Isto implica uma transição importante que também afeta a segurança rodoviária, pelo que, muitos países já têm uma estratégia concreta para facilitar a introdução da bicicleta. Em França, por exemplo, o plano de apoio ao ciclismo chama-se Plan Vélo.
Este impulso à utilização da bicicleta representa um investimento de 350 milhões de euros em sete anos, com o objetivo de fazer crescer o meio de transporte em todo o território. Em números, o objetivo é que a bicicleta passe a representar 9% das deslocações diárias no país, quando na atualidade é de 3%.
A iniciativa francesa não é descontextualizada caso olhemos para os países em redor. Na Holanda, por exemplo, a taxa de utilização diária é de 29%, na Alemanha de 10% e em cidades como Copenhaga, um em cada dois habitantes pedala diariamente na sua bicicleta. Em Portugal não faltam também iniciativas de apoio ao uso das bicicleta, ainda que faltem estudos mais completos sobre essas estatísticas.
França já teve uma experiência prévia
Não é a primeira vez que as autoridades francesas se mostram interessadas em apoiar a utilização da bicicleta a nível nacional. Em 2014 foi anunciada uma iniciativa com poucos precedentes: financiar todos os que se deslocassem para o trabalho em bicicleta com um máximo de 40 euros por mês. A ideia foi inspirada do país vizinho, a Bélgica, onde se tinha realizado uma campanha similar.
Após seis, o projeto piloto encerrou com dados que foram interpretados como prometedores. De acordo com a avaliação, os lugares de estacionamento ocupadas por bicicletas nas empresas que se juntaram voluntariamente ao projeto aumentaram 80%. O trajeto médio dos trabalhadores subvencionados era de 5 quilómetros. A estes eram entregues 25€ por mês, o que correspondia a 25 cêntimos por cada quilómetro percorrido.
Passados dois anos desde então, o parlamento francês já vinha, desde abril, fazer pressão para a elaboração de um grande plano para a bicicleta em França. Depois de várias semanas, o governo gaulês anunciou-o finalmente, com 25 medidas e um pressuposto jamais visto.
200 euros por ano para pedalar para o trabalho
Um valor fixo de 200 euros por ano para os trabalhadores que utilizem a bicicleta para ir para o local de trabalho. Outra forma de introduzir a bicicleta é também financiar empresas que se comprometam a forma frotas de velocípedes.
O plano não termina aqui. Pretende-se criar uma verdadeira cultura da bicicleta em França. Para isso vão criar-se programas escolares que fomentem o seu uso e que ensinem a sua utilização. Daqui até 2022 os alunos que façam 11 anos devem saber usar uma bicicleta de forma autónoma.
Segurança rodoviária
O Plan Vélo francês não esquece a esfera da segurança rodoviária. Não só se prevêem medidas de consciencialização e de apoio à convivência, como também haverá um investimento considerável em infraestruturas. Terão em conta a consideração a circulação e a sinalização em troços mais complicados.
Além disso, foi planificada a generalização de um espaço exclusivo e anterior aos semáforos. Do mesmo modo, pretende-se que as ruas de sentido único possam ser utilizadas pelos ciclistas em dois sentidos e que existam lugares de estacionamento específicos e seguros em lugares como as estações de comboio.
Os quilómetros de faixas para bicicletas também irão crescer. De acordo com o governo francês, muitas das suas regiões ainda não têm uma rede de vias para ciclistas que lhes permitam mover-se de forma segura.
Cultura de bicicleta
Outra medida que é uma novidade é a criação de um registo para bicicletas. Ainda não se sabe até que ponto servirá como um sistema de matrículas de bicicletas, com as repercussões normativas que isto poderia vir a ter.
O que está claro é que França, o país onde se celebra a competição ciclista mais importante do mundo, pretende ir mais além no que toca à bicicleta. Como é de prever, uma alteração tão significativa na esfera do transporte não é simples. Requer potenciar a segurança rodoviária e a convivência a largo prazo e em muitas frentes.
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