Portugal, tal como o resto da Europa, está a ter dificuldades em fazer diminuir o número de acidentes de viação. As autoridades atribuem responsabilidades ao telemóvel.
As autoridades portuguesas estão alarmadas para o facto do uso do telemóvel estar a ser um motivo forte para o aumento da mortalidade rodoviária nas nossas estradas.
À agência Lusa, o secretário de Estado da proteção Civil, José Neves, declarou que “há um dado novo – o telemóvel”. De facto, prossegue o governante, a existência, “em muitas circunstâncias, nomeadamente de choques frontais e despistes em locais onde nada contribui para que houvesse um acidente, leva-nos a considerar que a distração com o telemóvel estará a contribuir muito para este crescimento de número de acidentes e de vítimas mortais na estrada”.
No Circula Seguro já por diversas vezes chamámos a atenção para os riscos de conduzir e manusear o telemóvel e as entidades que têm a missão de definir a política e a estratégia de segurança rodoviária continuam a procurar sensibilizar e transmitir aos portugueses como devem evitar os comportamentos de risco, designadamente o uso de telemóvel ao volante.
Até porque, as evidências científicas, demonstram que o uso do telemóvel durante a condução aumenta 20 vezes a probabilidade de colisão.
Mas, muitos condutores parecem insensíveis a estes argumentos e, entre nós, em 2018, a GNR e a PSP passaram, em média, 107 multas por dia por uso do telemóvel durante a condução.
Mas não se pense que o problema é apenas nosso e Portugal está alinhado com a tendência que se verifica na Europa e que leva a que os acidentes causados por utilização de telemóvel impeçam uma mais acelerada redução da sinistralidade.
José Neves refere, contudo, que, a somar-se ao uso indevido do telemóvel, há outros fatores de risco que em nada abonam a favor da segurança, tais como a velocidade e a ingestão de substâncias alcoólicas e psicotrópicas.
Relação comprovada
Um estudo recente de uma empresa norte-americana, que analisa o comportamento dos condutores, chegou à conclusão que o recente aumento do número de mortes na estrada está relacionado com o uso de telemóveis ao volante.
A empresa Zendrive durante três meses compilou dados de 4,5 milhões de condutores que percorreram para cima de oito mil milhões de quilómetros, constatando que o uso do telefone tem consequências mais graves do que guiar sob influência do álcool devido ao número de acidentes que provoca. Esta empresa considera que o uso do telefone durante a condução é, inclusive, atualmente, o grande e maior problema, superando em gravidade o grave problema dos condutores embriagados.
Este levantamento afirma que 86% do total de condutores utilizou o telemóvel pelo menos uma vez quando estava ao volante, tendo a maior parte incorrido nesta perigosa prática nos minutos iniciais da viagem.
Em média, os automobilistas utilizam o telemóvel durante um minuto e cinquenta segundos, independentemente do tempo de viagem realizado.
Mesmo o uso do telemóvel durante a condução (com um legal kit mãos livres) aumenta quatro vezes o risco de colisão, dado que a conversação telefónica torna os tempos de reação do condutor 50% mais lentos.