As vendas de carros em todo o mundo estão em queda acentuada e Portugal não é exceção. Só no mês de março as perdas foram de 57%. Esta é a consequência mais visível sobre a indústria automóvel que o novo coronavírus trouxe.
A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) constata que agora, em abril, a situação só mostra indícios de vir a se agravar. Será que a queda de vendas dos veículos tradicionais levará à mudança de forças dominantes no mercado automóvel? Será que é agora que os elétricos ganham quota de mercado?
Contexto do momento no mercado
“Após ter registado um aumento de 5 por cento no mês anterior, o mercado afundou em março de 2020 devido à crise provocada pelo novo coronavírus. Com efeito, foram matriculados neste mês, pelos representantes legais de marca a operar em Portugal, apenas 12.399 veículos automóveis, ou seja, menos 56,6 por cento do que em igual mês do ano anterior”, assinala a ACAP em nota de imprensa.
O segmento mais afetado foi o dos automóveis ligeiros de passageiros. Os consumidores portugueses adquiriram só 10.596 veículos deste género no último mês de março. Surpreendentemente este número representa uma quebra de 57,4% em relação ao mês homologo de 2019.
A Renault continua a liderar, mesmo sofrendo quebras de 68%, obteve vendas de 1.266 automóveis. Seguiu-se a Mercedes com 1192 carros transacionados, um número inferior em 25%. No lugar mais baixo do pódio está a BMW com 857 automóveis registando uma diminuição de 37%.
Como já foi indicado acima, a ACAP antecipa uma redução ainda maior para abril. Segundo a associação o mês passado não foi assim tão mau pois “no mês de março foram matriculados muitos veículos cujas encomendas tinham sido efetuadas antes da pandemia do coronavírus”.
Mas a razia não ocorreu exclusivamente nos veículos de passageiros. Por exemplo no mercado de ligeiros de mercadorias as vendas baixaram 51%, comercializando somente 1.557 veículos. Similarmente nos pesados a redução foi de 47%, foram 246 os veículos novos comercializados.
É agora que os elétricos ganham quota de mercado?
Apesar das quebras nas vendas do mercado português, houve um segmento que conseguiu sair incólume. A ACAP registou um aumento de 4,2% nas vendas de elétricos. Foram comercializados 993 veículos elétricos novos em Portugal em março de 2020.
Na verdade duas marcas conseguiram evitar o descalabro. A Tesla e a Bentley conseguiram a proeza de aumentar o número de veículos transacionados. Dissecando os números do segmento dos elétricos constatasse que a Tesla liderou o número de veículos matriculados neste mês, com 544 carros vendidos. Segue-se a Renault, a marca francesa, vendeu 111 elétricos. A Mini estreia-se no terceiro lugar com 59 carros.
Relativamente ao acumulado do primeiro trimestre a liderança também foi da Tesla, logrando atingir 2630 unidades. Segue-se a Nissan com 2271 carros vendidos. A Renault encontra-se na terceira posição com 1595. Ao todo foram vendidos no primeiro trimestre 9936 veículos elétricos.
Portanto a quota de mercado dos elétricos situou-se nos 9,4% em março de 2020. Um número que já começa a ser significativo. Num artigo de meados do ano passado constatava que as vendas estavam nos 3%. Assim podemos ver que a evolução foi muito significativa. Os elétricos começam a ser um segmento com peso e não só uma moda.

O aumento de postos de carregamentos contribui para a maior aceitação dos elétricos
Mais, com as deslocações a serem controladas pelas autoridades e com a maior consciência (pelo eletricomenos por enquanto) da necessidade de evitar longas deslocações, a autonomia deixou de ser um problema. Assim, a mudança (forçada) de hábitos e com a quota de mercado a subir, apesar da queda dos restantes segmentos, os elétricos mostram que estão a ser bem aceites pelos consumidores portugueses e chegaram para ficar.