Mãos no volante: os maus hábitos nos pesados

Ines Carmo

3 August, 2018

Estudo com condutores de veículos pesados conclui que muitos dos profissionais guiam com apenas uma das mãos no volante.

A investigação foi realizada em Espanha pelo observatório da empresa Autopistas do grupo Abertis, e traz dados muito interessantes que podem melhorar a segurança em autoestradas e fomentar os bons hábitos de condução para camiões e outros veículos pesados.

Para analisar a sinistralidade em veículos pesados nas autoestradas, teve-se em conta fatores como o uso das faixas, piscas e outras sinalizações, cintos de segurança, manipulação de objetos durante a condução, o respeito pela distância de segurança e o perigo de não levar as duas mãos no volante. É neste último ponto que surgem os dados mais significativos: 63,1% dos condutores observados conduzia apenas com uma mão.

Este comportamento implica uma perda de precisão na condução, aumentar os tempos de manobra caso seja necessário fazê-la, impossibilitando retomar a marcha caso se perca o controlo, provocando uma guinada ou até o chamado efeito «tesoura».

Os camiões estão em 23% dos acidentes em autoestrada

Os dados destes estudo, realizado no país vizinho, provêm de mais de 66 mil veículos pesados que foram analisados na AP-7 e C-33. As conclusões podem ser extrapoladas não só para a rede viária espanhola, como também para a portuguesa.

A primeira conclusão que expõe o estudo é que os veículos pesados estão presentes quase em 1 de cada 4 acidentes nas autoestradas. Entre os fatores que promovem esta sinistralidade são: distrações ao volante (40% dos casos) e infrações (38% dos casos). Já a velocidade (5,8%), o cansaço e a sonolência (5,2%) ou a não utilização do cinto de segurança (1,3%) também são fatores presentes, ainda que em menor escala.

Uso das vias e ultrapassagens

Em estradas com três ou mais vias em cada sentido, os veículos pesados podem apenas utilizar a via da direita ou a segunda mais à direita. No entanto, o estudo revela que o trânsito é uma condicionante para que se cumpra esta regra. 99,2% dos camiões circulavam pela via da direita em zonas com pouco movimento, mas 27,4% recorriam à terceira faixa quando o trânsito aumentava.

Cumprir com esta utilização correcta das vias é fundamental para reduzir riscos neste tipo de estradas, facilitando também as ultrapassagens. O estudo centrou-se ainda no uso dos «piscas» por parte dos veículos pesados durante as ultrapassagens. Nesse sentido, 88,9% fazia-o corretamente.

29% dos passageiros de veículos pesados não usa cinto

A distância mínima de segurança é a distância percorrida entre a reação perante um imprevisto e o tempo que o veículo demora a parar. O estudo teve em conta este facto e registou que 8,4% dos camiões não a respeitam totalmente quando circulam atrás de outro camião. No caso de o fazerem atrás de um carro, este número desce aos 6,5%.

Melhores resultados no que toca ao uso do cinto de segurança, com apenas 2,6% a não fazer uso do mesmo. Já os passageiros em veículos pesados não seguem a regra, sendo 29% os que não levam o cinto colocado.

Manipulação de objetos e distrações

A manipulação de objetos como telemóveis, comida, ou cigarros ao volante são motivo de distrações graves que, como vimos, é o principal fator pra a sinistralidade de veículos pesados em autoestradas.

O estudo indica que, segundo a densidade do trânsito, os condutores cometem este tipo de imprudências em partes com muito movimento (3,4%) e em zonas com pouco movimento (5,6%). Juntamente com outros fatores como o cansaço, 3,6% dos camiões pisavam as linhas da estrada, chegando mesmo a invadir a via ao lado.

Fonte: CirculaSeguro.com

Imagens | iStock/Apriori1

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