O que é o ESP? Será que todos sabemos que reações traz ao carro?

Duarte Paulo

26 de Dezembro de 2017

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Se o seu carro é um antigo, na lista de opções estava um elemento chamado ESP. Provavelmente optou por ele sem saber exatamente o que era. Ou então, não o colocou precisamente pelo mesmo motivo, por desconhecimento.

Neste artigo irá saber do que se trata e como o seu funcionamento altera o comportamento do carro. Que atitude deverá tomar de forma a conciliar as reações do sistema ESP. Saiba mais aqui.

O que é o ESP

O acrónimo ESP, deriva do inglês Electronic Stability Program, em português Programa Eletrónico de Estabilidade. Este sistema é responsável por controlar a trajetória dos veículos e evitar a perda de controlo, mesmo com mudanças repentinas de direção.

Este componente atua sobre os travões, acionando individualmente cada um deles em cada roda. O sistema ESP atua em conjunto com os travões com ABS, pois é essencial que as rodas não bloqueiem durante a atuação do controlo de estabilidade.

Os sensores ativam os travões corrigindo as situações de subviragem, que é quando o veículo tende a sair de frente, e de sobreviragem, que é quando o veículo tende a sair de traseira.

O ESP consegue ser mais eficaz que qualquer condutor pois ao atuar individualmente sobre cada roda, consegue travá-las ou libertá-las conforme a necessidade a cada momento. A análise é feita dezenas de vezes por segundo.

Basicamente o controlo de estabilidade restitui, de forma automática, o veículo à trajetória delineada pelo seu condutor. Criando assim condições para que possa prosseguir em segurança a sua viagem.

Estudos sobre o ESP

Estudos europeus de algum tempo atrás, quando somente 40% do parque automóvel europeu estava equipado com o sistema ESP, provam que este é essencial à segurança rodoviária.

Os dados desse estudo apuraram que este sistema de segurança impediu mais de 33.000 acidentes. Salvando a vida a mais de 1.000 pessoas nos 25 países da União Europeia. Este sistema é obrigatório nos veículos novos vendidos na União Europeia desde 1 de Novembro de 2014.

O ESP é responsável por reduzir acidentes fatais em 43%, de acordo com um estudo feito há mais de uma década pelo IIHS, instituto de segurança rodoviária dos Estados Unidos.

Um levantamento realizado na mesma época pela NHTSA, órgão federal americano que regulamenta o setor de transportes norte-americano, aponta que 83% dos capotamentos de SUVs foram evitados pelo sistema.

O sistema ativa-se sempre que a ignição é acionada, permitindo desligar num botão especifico, porém fica sempre no painel a informação que está inativo. O controlo de estabilidade é considerado pelos especialistas como a maior inovação em segurança automóvel depois do cinto de segurança.

Componentes do ESP e como funciona

O ESP possui diversos componentes que trabalham em conjunto de forma a conseguir gerir a forma de atuar do sistema. Para começar existe uma unidade de comando, que gere todos esses componentes.

Usa sensores para medir a velocidade do veículo, analisando roda a roda a sua rotação e velocidade. Esses sensores identificam qual o sentido de rotação e a imobilização das rodas. Possui um sensor que mede o ângulo da direção, através da posição do volante. Verifica também a força que está a ser exercida no pedal de travão e acelerador.

O conjunto destes fatores permite calcular qual o percurso que o condutor pretende seguir. Mas faltam ainda dois sensores, o da aceleração lateral e o sensor Yaw. Estes dois sensores registam todos os movimentos do veículo ao redor do seu eixo vertical. São eles que determinam a real trajetória do veículo, calculando e comparando com a intenção do condutor medido anteriormente.

A partir dos dados recolhido pelo ESP é simples coloca-lo a controlar outros sistemas e funções que facilitam a condução. Um que é muito prático facilita o arranque em estradas ingremes. Mantendo os travões acionados por dois segundos após o condutor ter soltado o pedal de travão.

Outro sistema muito presente nos veículos atuais controla a tração. Quando o condutor acelera bruscamente o ESP reduzirá o binário do motor. Fá-lo através da redução da aceleração do motor, conseguindo compensar a derrapagem excessiva gerada.

Breve história do ESP e diferentes terminologias

O ESP chegou efetivamente ao mercado em 1995 através da Bosch que forneceu algumas marcas “premium” alemãs com o sistema. Mas, a base do sistema começou alguns anos antes, em 1983 com a Toyota, quando esta estava a desenvolver um sistema de controlo de tração.

O ESP adota algumas terminologias diversificadas, variando conforme a marca que a apresenta ou o fabricante que o forneceu. A forma de funcionamento é semelhante e o objetivo é o mesmo. Seguem-se alguns acrónimos em inglês e o respetivo significado em português:

DSC – Controle Dinâmico de Estabilidade
VSA – Assistência à Estabilidade do Veículo
VSC – Controle de derrapagem do Veículo
AdvanceTrac – Sistema de controlo de tração da Ford
DSTC – Controlo dinâmico de estabilidade e tração
VDC – Controlo dinâmico do veículo
VSE – Controle de Estabilidade do Veículo
StabiliTrak – Sistema de estabilidade da General Motors
PSM – Gestão de estabilidade da Porsche

Evolução do ESP

O sistema ESP tem progredido muito ao longo dos anos, fruto dos avanços da eletrónica. Em algumas versões, calcula a tendência a capotamento, mitigando-a.

Alguns sistemas levam em consideração se o veículo traciona um reboque. Há também aqueles em que a assistência elétrica da direção é controlada, de modo a criar mais “peso” ao volante no momento de uma guinada no volante na direção incorreta.

A carga provoca variações na forma como o veículo reage. O ESP consegue identificar as alterações na massa e no centro de gravidade ao longo do eixo longitudinal do veículo.

Reações do veículo e limites da física

Ao conduzir um veículo com sistema de controlo de estabilidade deverá deixar o veículo gerir as reações de controlo dinâmico do veículo. Quando entra numa curva excessivamente depressa o condutor ao detetá-lo tenta corrigir a sua asneira. Provavelmente trava forte e vira o volante com determinação.

Nesse momento deveria entrar em despiste, mas o ESP salva-o. Porém caso tenha experiencia com veículos sem ESP pode tentar controlar a derrapagem com o volante. Virando-o no sentido contrário.

Caso não se aperceba da entrada em funcionamento do sistema e caso este não interprete a sua ação como uma correção feita com intenção, pode ter a duplicação da ação necessária. Isso provocará um efeito excessivo que o levará a despistar-se no outro sentido.

Apesar da inegável segurança que o sistema adiciona a um veículo, não amplia a aderência dos pneus, nem altera as leis da física. Efetivamente não há como garantir estabilidade absoluta, nem segurança absoluta.

Se o limite da aderência for ultrapassado, não há como evitar um acidente. Inegavelmente estes sistemas agregam valor e segurança ao automóvel. Sendo imprescindíveis numa visão moderna de segurança rodoviária. Atualmente, todos os veículos, mesmo comerciais, estão equipados de série com ESP.

Foto | WikipédiaCory Doctorow