Os elétricos e os incêndios

Duarte Paulo

17 de Setembro de 2019
Os incêndios são dos eventos mais complicados num automóvel, em especial no bínómio elétricos e os incêndios

 

Está em curso uma mudança de paradigma no mercado automóvel mundial, os veículos elétricos são cada vez mais comuns. Com eles chegam novas abordagens, sob diversos primas, da questão da segurança rodoviária. Em especial os elétricos e os incêndios.

Sabe como proceder se se deparar com um acidente em que um dos veículos intervenientes seja um elétrico? Sabe qual o risco de ser eletrocutado? Descubra aqui qual a relação entre os elétricos e os incêndios.

Se segue as notícias deve ter se apercebido que ocorreram diversos incêndios com diferentes veículos recentemente. Alguns desses incêndios ocorreram em veículos elétricos. São vários os possíveis motivos para que um veículo se incendeie. O mais habitual é a conjunção da temperatura ambiente e do próprio funcionamento do veículo.

Por vezes estes iniciam-se sem que sejam percetíveis pelo próprio condutor do veículo. E foram vários os incêndios fatais. Diversos acidentes envolvendo carros elétricos, um pouco por todo o mundo., desencadearam investigações de segurança na China, no Canadá e nos Estados Unidos.

As dificuldades extra nos elétricos

Sempre que ocorre um incendio os bombeiros, naturalmente, são chamados ao local para debelá-lo. Porém quando se deparam com um elétrico os problemas são maiores. Os próprios bombeiros descrevem os incêndios neste tipo de veículos como um incendio que não acaba após um primeiro embate. Com as baterias o risco de reignição mantem-se mesmo após vários dias. Mesmo depois de supostamente estarem totalmente apagados.

Os bombeiros estão aprendendo com a experiência, descobrindo como devem agir perante estes casos. Uma das conclusões mais surpreendentes é que precisam de quase 10 vezes mais água para apagar o fogo de uma bateria de veículos elétricos em comparação com um carro a gasolina ou a diesel.

Ademais especialistas neozelandeses concluíram que “após um incêndio ter sido extinto num veículo elétrico, pode haver um risco de reignição por até cinco dias. A afirmação é de um responsável pela capacidade de resposta a fogos e emergência daquele país.

Porém as dificuldades só os motivaram. Já estão trabalhando noutras formas para conseguir combater de forma mais eficaz estes incêndios. Usando diferentes táticas para dar resposta aos incêndios e acidentes com veículos elétricos. Para isso efetuaram “uma visita aos EUA para discutir experiências e receber mais treino.” Foi com esse intuito que estiveram “com a Tesla e o Corpo de Bombeiros de Fremont”, onde ganharam ensinamentos importantes.

Os elétricos e os incêndios

Embora os veículos elétricos sejam geralmente mais seguros que os carros a gasolina ou a diesel, quando as baterias de lítio destes veículos são danificadas, podem causar curto-circuito. O resultado é o desencadear duma reação em cadeia chamada de fuga térmica, que pode atingir os 1.000 graus Celsius. Existe ainda o risco de eletrocussão. Assim, se detetar que a bateria sofreu danos aja com precaução, evite tocar em partes metálicas do veículo.

As normas internacionais relativas à segurança dos veículos elétricos são abrangentes. Porém Glen-Marie Burns, gerente de desenvolvimento urbano e meio ambiente do ministério neozelandês, assevera que “para garantir a segurança dos veículos elétricos que entram na Nova Zelândia exigimos o cumprimento de padrões de segurança internacionalmente reconhecidos.

“Como tal, somente veículos de certas jurisdições e aqueles que atendem aos padrões de segurança de suas jurisdições locais são permitidos para importação.” Esta é uma chamada de atenção a determinados produtos que são importados para Portugal sem ter em atenção à sua segurança. Por exemplo, os diversos veículos elétricos que circulam em Portugal seguem que diretivas de segurança?

Assim e como conhecem os parâmetros dos veículos que deixaram entrar no país, criaram “um procedimento de resposta tática acordado para acidentes envolvendo veículos elétricos”. Mais, criaram uma lista de procedimentos a serem tomados após os incêndios. Assim conseguem controlar os problemas atrás mencionados sobre as baterias destes veículos.

A concentração das baterias provoca muito calor num veículo elétrico

O ponto de vista das marcas

Apesar das preocupações, o fundador da Tesla, Elon Musk, twittou que “a realidade é que um Tesla, como a maioria dos carros elétricos, tem mais de 500% menos probabilidade de pegar fogo do que carros a combustão. Pois estes transportam enormes quantidades de combustível altamente inflamável. “

Mas menos probabilidade não significa impossível, um Tesla explodiu em uma garagem subterrânea em Xangai em abril. Recentemente a fabricante chinesa de veículos elétricos NIO foi forçada a retirar quase 5.000 carros, depois de várias denúncias de incêndios. Como os fabricantes de baterias tentam colocar mais energia em menos espaço, a tecnologia atual pode estar atingindo os seus limites.

Decerto que os limites prescritos pela segurança serão respeitados. Mas a tecnologia não pára e conseguirá superar os desafios que vão surgindo pelo caminho da eletrificação. Com as entidades reguladoras e governamentais a forçarem esse caminho não existe, pelo menos para já, uma alternativa. É adaptar-se e criar os sistemas e métodos mais adequados para lidar com os novos desafios.

Fotos | 445th Airlift Wings, Wikimedia