As novas regras de segurança rodoviária preparam o caminho para a condução autónoma
Os veículos novos trazem novas tecnologias propostas pelas marcas, para diferenciá-los dos demais. Mas as entidades reguladoras também estão a impor a adoção de novas regras de segurança rodoviária. Nesse sentido serão usadas novas tecnologias aplicadas aos novos carros. Assim, na União Europeia (UE) todos os automóveis novos, vendidos a partir de maio de 2022, terão de estar equipados com uma panóplia de tecnologia que visa aumentar a segurança.
Bruxelas concordou com um lote de novas regras obrigatórias para os equipamentos de segurança dos automóveis. Saiba quais os sistemas que os veículos novos possuirão daqui a 3 anos.
Os parlamentares e ministros das diferentes instituições da UE concordaram em implementar novos requisitos para os novos veículos. Estas normas serão obrigatória para os veículos que sejam lançados após maio de 2022. Porém, a fase de implementação decorrerá entre maio de 2022 e maio de 2024 para os modelos já em comercialização. Desta forma, e só nesse período, as marcas poderão escoar os seus stocks sem possuírem estes sistemas. Asmedidas são agrangentes indo deesde veículos ligeiros a veículos pesados.
As novas regras de segurança rodoviária
ISA (Intelligent Speed Assistence): limitador de velocidade automático que cruza informações do GPS com dados locais da via onde o veículo circula. Assim, o condutor será impedido de exceder os limites de velocidade;
Gravador de Dados de Eventos (EDR): A caixa negra do automóvel, que regista o que houve no caso de um acidente;
Paragem automática de emergência: o veículo reconhece o sinal vermelho nos semáforos;
Sistema de Câmaras de Monitorização Interna: avalia o estado do condutor através de câmaras internas. Avisa o condutor no caso de sonolência e distração (sim, o uso de telemóveis é considerado distração). Pode bloquear o veículo se detetar que o automobilista não está em condições de conduzir devido a estar sob o efeito de drogas ou álcool;
Sistema de Câmaras e Assistência de marcha atrás: passa a ser obrigatória para todos os veículos, com recurso à câmara e sensores;
Lane-Keeping Assistance: sistema automático que garante que o veículo não sai da faixa de rodagem inadvertidamente;
Travagem de emergência automática (AEBS, em inglês): o radar mede continuamente a distância entre os veículos, peões e ciclistas. É capaz de efetuar a travagem de emergência se o condutor não atuar em tempo útil;
Cintos de Segurança e parabrisas otimizados: novos modelos de cintos de segurança e parabrisas ensaiados e melhorados através de simulações de choques frontais;
Barra de proteção de impacto lateral: para melhorar a segurança dos ocupantes dos veículos neste tipo de embates;
Melhoramento da visão dos condutores de autocarro e camiões: o objetivo é eliminar, no mínimo reduzir, o número de pontos cegos em redor destes veículos;
Sistemas de aviso na frente e lateral do veículo: servem para detetar e avisar aos condutores sobre peões e ciclistas na estrada, especialmente nas curvas;
Sistema automático de monitorização da pressão dos pneus.
As expectativas para as novas regras de segurança
Os carros precisarão de estar dotados com um sistema de assistência de velocidade inteligente (ISA). Sobre este recaem algumas das maiores expetativas de redução da gravidade dos acidentes. De fato o sistema exibirá o limite de velocidade atual no painel de instrumentos e limitará a velocidade de circulação. No entanto este sistema pode ser “ultrapassado” quando o condutor exerce mais força no acelerador.
O parlamento europeu estima que a ISA poderia reduzir as fatalidades nas estradas da UE em 20%. “O sistema ISA fornecerá um feedback real ao condutor. Será baseado em mapas e observação de sinais de trânsito. Então será ativado sempre que o limite de velocidade for excedido. Isso não apenas os tornará mais seguros, mas também ajudará os condutores a evitar multas por excesso de velocidade”, disse o deputado Ró?a Thun, responsável pelo pacote de segurança no parlamento da UE.
Nas novas regras de segurança rodoviária estão incluidos sistemas de travagem de emergência automatizada. Estes são complementados por aviso de distração do condutor. As regulamentações para testes de colisão (vulgo “crash-tests”) serão atualizadas mais uma vez. Todavia as novas regras também incluem um requisito controverso. A UE irá obrigar os fabricantes a equipar os veículos com gravadores de dados. Assim será possível obter informações reais do veículo para analisar os acidentes.
Analogamente no pacote existem regras para camiões e autocarros. Assim sendo a partir de novembro de 2025, todos os novos camiões e autocarros terão de ser projetados de forma diferente. Com a finalidade de dar ao condutor uma melhor visibilidade de ciclistas e peões. Mais, tem de ser equipados com sistemas de aviso de colisão de peões e ciclistas. E ainda, devem possuir um sistema de informações/visualização sobre os pontos cegos em redor do veículo.
O ponto de vista das marcas
Como já referi, este será um conjunto de novos sistemas de segurança que passarão a ser obrigatórios nos novos automóveis. Muitos destes sistemas já são conhecidos do público e por vezes até estão instalados nalguns modelos. Porém até agora eram, geralmente, disponibilizados unicamente como opção.
Um dos motivos que leva as marcas de automóveis a quererem adotar estas novas regras de segurança rodoviária (obviamente, para além de ser obrigatório) é um fator motivador de vendas. A classificação da EuroNCAP. Como já mostrei noutros artigos, é impossível obter cinco estrelas no crash-test da EuroNCAP se o carro não possuir muitos destes sistemas de segurança. E inegavelmente o fator “5 estrelas“ vende.
O ponto de vista das instituições
Assim, agora, e como resultado destas regras e normativos da União Europeia, estes dispositivos de segurança estarão presentes nos carros novos. Todas as alterações legais e de novas exigências de homologação tem um único objetivo. Aumentar a segurança rodoviária de todos.

A União Europeia regulou as novas regras de segurança rodoviária que os carros novos terão que cumprir.
“Essa reforma é vantajosa para a indústria e para o público. O camião do futuro será mais elegante, reduzindo as contas de combustível e as emissões. Também será mais seguro através de uma melhor visão de ciclistas e peões em particular. Os próprios motoristas terão mais conforto dentro da cabine”, afirmou James Nix, Director de Transportes do Departamento de Transporte e Meio Ambiente (T&E – Transport & Environment).
“Este novo regulamento contribuirá para o objetivo de reduzir significativamente o número de mortes e de ferimentos graves nas estradas da UE. Fá-lo-á através de medidas para a proteção dos ocupantes dos veículos e dos utentes da estrada vulneráveis. A partir de 2022, tornar-se-ão obrigatórias novas tecnologias e sistemas para os veículos novos de diferentes tipos. O novo regulamento constituirá também uma oportunidade para os fabricantes de automóveis da UE consolidarem a sua liderança em matéria de sistemas inovadores de segurança automóvel.” Afirma Niculae B?d?l?u, ministro da Economia da Roménia
“90% dos acidentes na estrada devem-se a erro humano. As novas características de segurança obrigatórias que propomos hoje reduzirão o número de acidentes e abrirão caminho a um futuro sem condutores com condução conectada e autónoma.” Conclui El?bieta Bie?kowska, Comissária Europeia para os Mercados.
Vejamos… “um futuro sem condutores”, assim sendo parece que esse é o caminho que estamos destinados a trilhar. Quer queiramos, quer não!
Fotos | Intergalatic robot, Wikimedia