Os pneus, uma vez terminada a sua vida útil e transformados em resíduos, podem ter nova utilização. Os pneus usados converteram-se num desafio de sustentabilidade para as sociedades modernas. Chegando a este ponto, a reciclagem é um caminho inevitável. As empresas estão definitivamente a apostar nesta opção, tornando possível que os pneus dos nossos carros de hoje em dia sejam os sinais de amanhã.
Nesse sentido, a Michelin, como empresa líder do setor, incluiu a reciclagem de pneus nas suas prioridades. De facto, o fabricante está a caminho de conquistar o compromisso de que em 2048 todos os seus pneus sejam reciclados.
Há motivos para reciclar pneus
Ainda que aparentemente não pareçam ser um risco imediato para o meio ambiente, os pneus usados estão catalogados pela União Europeia como resíduos tóxicos e perigosos. Isto está diretamente relacionado com a sua armazenagem como resíduo. A sua acumulação em aterros junta-se a fatores como a complicada degradabilidade, o risco de que se incendeiem ou da emissão de gases ou líquidos.
As repercussões disto podem assustar se analisarmos os dados a nível mundial. A cada ano são destruídos no mundo mais de mil milhões de pneus, ou o equivalente a 25 milhões de toneladas. Na atualidade, aproximadamente 30% fica acumulado em aterros, 20% é utilizado para produzir energia e «só» a restante metade é reciclada. A tendência, além disso, é subir, pois a produção mundial continua a aumentar para em volta de 1500 milhões.
Perante este panorama, empresas como a Michelin trabalham para reverter esta tendência o mais depressa possível. O objetivo é conseguir que todo o pneu utilizado seja reciclado. Isto pouparia o equivalente a 33 milhões de barris de crude por ano.
Reciclagem de pneus e segurança rodoviária
Uma das alternativas da reciclagem está exatamente dirigida para a segurança rodoviária. Isto porque as propriedades dos materiais que compõem os pneus são úteis para outras funções de proteção.
Um bom exemplo disto pode ser encontrados nos rails. A borracha com que os pneus são fabricados é o material ideal devido à capacidade de absorção de energia que oferece. Isto é uma vantagem no caso dos rails de proteção.
Outro uso mais recente de reciclagem de pneumáticos para a segurança rodoviária é proporcionado pela empresa Gomavial, com sede no País Basco, que oferece a solução desde 2017. Neste caso, a reciclagem passa por um processo mais complexo que resulta numa placa negra na qual adere a impressão de vinil refletora dos sinais.
Os sinais reciclados através deste método apresentam grandes vantagens: são mais resistentes a condições climáticas extremas e são mais seguros. Isto acontece pela elasticidade e leveza do material, desprovido de perfis cortantes. Os sinais fabricados pela Gomavial podem ser encontrados em diferentes pontos do País Basco e da La Rioja.
A raiz da reciclagem de pneus
Como vemos, nem todos os componentes dos pneus se podem reciclar. Por isso, as empresas esforçam-se por modificar os materiais que utilizam no fabrico. No caso da Michelin, na atualidade utilizam-se 28% de materiais de origem natural e sustentáveis. Um dos grandes desafios é conseguir que esta proporção aumente até 80% em 2048.
Trata-se de obter pneus cada vez mais sustentáveis, que no seu fabrico não dependam de derivados do petróleo. Assim, a Michelin ganhou este ano o premio de melhor fabricante anual de pneus nos Tire Technology International Awards, de referência mundial, pelo trabalho no sentido da inovação e sustentabilidade.
Em qualquer caso, é claro que não falamos de soluções imediatas, pelo que é preciso continuar o caminho traçado por empresas como a Michelin e potenciar apostas como aquela que foi levada a cabo pela DGT espanhola com sinais fabricados com pneus reciclados.
Fonte: CirculaSeguro.com
Imagens | Michelin, iStock/María Manso de Lucas, iStock/pedrosala, iStock/kn1 e iStock/viti