Circula seguro como peão?

Duarte Paulo

11 de Agosto de 2020

Será que o peão sabe como se circula seguro?

Em algum momento do dia, todos nós somos peões. Mas infelizmente as mortes de peões continuam a acontecer em número elevado. Será que sabemos nos comportar e adequar a nossa circulação às vias que percorremos? Será que temos consciência que o nosso comportamento pode estar a colocar-nos em risco? Vamos descobrir.

Em Portugal, só em 2018, morreram 105 peões em 5.652 atropelamentos, segundo dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Este número representa um aumento de mais 14% do que em 2017. Mais, constatou-se que um dos grupos mais vulneráveis, as pessoas com mais de 65 anos, representavam cerca de metade desse número.

Por comparação, nos Estados Unidos da América os acidentes onde ocorreram a morte de peões aumentou 3%, valores também de 2018, perfazendo um total de 6.283 mortes. O valor mais elevado desde 1990. Por lá a entidade responsável é a NHTSA – National Highway Traffic Safety Administration, algo que pode ser traduzido como Administração Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário.

As entidades em cada país sobre quem recai a responsabilidade de minorar os números das fatalidades têm uma tarefa árdua. Depois de muitos anos a insistir no lado dos condutores, agora, um pouco por todo o mundo, alargaram o “público-alvo”. Agora têm focado a atenção em aumentar a conscientização sobre os perigos para os próprios peões. Para tal fornecem dicas de segurança, material educacional e outros recursos.

Quem é considerado peão?

Mas comecemos pelo início, quem é considerado um peão? Pela lei portuguesa, quem deve ser considerado peão para efeitos de trânsito, nos termos do Código da Estrada, revisto pelo Decreto-Lei nº45/2005, de 23 de Fevereiro é toda a pessoa singular que anda a pé pelos passeios, pistas, passagens a elas destinadas (inclusive superiores e inferiores) ou, na sua ausência, pelas bermas das vias públicas (artºs 1º, als a), m), n), p) e 99º n.º 1 CE).

Bem como, (art.º 104º CE), a pessoa singular que conduza à mão:
• carros de crianças ou de deficientes físicos;
• velocípedes de duas rodas sem carro lateral; carros de mão.

E ainda a pessoa singular que utilize:
• cadeiras de rodas equipadas com motor elétrico;
• patins, trotinetas sem motor ou outros meios de circulação análogos.

As condições dos passeios

Seja você um pai, uma mãe, um parente ou um cuidador, você quer fazer tudo o que puder para garantir que você, seus entes queridos possam passear com segurança na via pública. Provavelmente dará especial relevo à zona próxima da sua residência, para tal convém que todos na sua comunidade sejam responsáveis e atentos á forma como os peões fazem os seus percursos.

Os percursos devem garantir uma proteção adequada aos peões, em especial aos mais vulneráveis, as crianças e os idosos. As pessoas com mobilidade reduzida, quer temporária quer permanente, também devem ser capazes de circular em segurança nos passeios e utilizar as passadeiras.

Para tal o mobiliário urbano deve estar em consonância com as acessibilidades necessárias a todos. Caso identifique áreas onde tal não seja proporcionado aos peões, identifique o local e contacte a sua junta de freguesia ou camara municipal. Estas entidades deverão resolver ou encaminhar para quem o possa fazer as situações que criem entropias aos cidadãos.

O básico para ser um peão que circula seguro

Mas independentemente das condições os peões também devem “se ajudar” na tarefa de ser peões. Para tal abaixo estão uma série de informações, lembretes e orientações a peões de todas as idades sobre como manter a segurança enquanto circulam. Conheça o básico para a segurança de peões:

– Seja previsível. Siga as regras da estrada (sim, também existem para os peões) e obedeça aos sinais;

– Ande no passeio sempre que estes estiverem disponíveis;

– Se não houver passeios, caminhe de frente para o tráfego e o mais longe possível da via de transito;

– Mantenha-se alerta o tempo todo; não se distraia com dispositivos eletrónicos que desviam seus olhos e ouvidos da estrada;

– Sempre que possível, atravesse ruas em passadeiras e circule em vias reservadas a peões. Lembre-se que apesar de ter prioridade nas passadeiras os condutores precisam de saber, ou se aperceber, das suas intenções;

– Antes de atravessar olhe para ambos os lados. Mesmo que seja uma rua de sentido único, pois algum veículo pode estar a efetuar uma manobra que implique realizar marcha-atrás;

– Se não existir passadeira, e caso seja um local onde não seja proibido atravessar, localize uma área bem iluminada, com a melhor visualização possível do tráfego. Aguarde uma lacuna no fluxo do tráfego que permita tempo suficiente para atravessar com segurança, sem correr. Continue observando o tráfego enquanto atravessa;

– Nunca assuma que um condutor a vê. Faça contato visual com os motoristas quando eles se aproximarem para garantir que você seja visto. Se necessário gesticule, levantando o braço;

– Seja “visível”. Use preferencialmente roupas claras durante o dia e de materiais refletivos à noite. Caso seja uma zona extremamente mal iluminada pondere a utilização duma lanterna ou sistema idêntico;

– Preste atenção nos carros que entram ou saem das garagens ou entradas particulares. Tenha igualmente atenção aos veículos que fazem marcha-atrás nos estacionamentos;

– Evite álcool e drogas mesmo quando é peão. Estas substâncias prejudicam as suas capacidades motoras e alteram a sua capacidade de efetuar boa apreciação de diversas situações rotineiras da via pública.

Sugestões também para os condutores

– Não se surpreenda com os peões, espere sempre que exista algum em todas as passadeiras. Todas as vezes que por elas passa. A segurança é uma responsabilidade compartilhada;

– Tenha muito cuidado ao conduzir em condições de difícil visibilidade. Especialmente de noite;

– Diminua a velocidade e esteja preparado para parar ao virar num cruzamento;

– Ceda sempre a prioridade aos peões nas passadeiras. Pare, guardando algum espaço da passadeira, isto serve para dar aos outros veículos a oportunidade de ver os peões e para que eles também possam parar;

– Nunca ultrapasse na zona da passadeira. Pode haver pessoas atravessando que você pode não ver;

– Nunca conduza sob a influência de álcool e/ou drogas;

– Respeite o limite de velocidade sempre, mas especialmente perto de escolas e zonas residenciais;

– Seja extremamente cauteloso ao fazer marcha-atrás, os peões podem não se aperceber e estarem a atravessar atrás do seu veículo.

Fotos | Wallpaperflare, Needpix, Wikimedia