Muito se tem falado, ao longo dos anos, sobre velocidade, limites de velocidade e excesso de velocidade. Penalizações, ou sanções, como lhe queiram chamar, associadas ao facto de não se obedecer com o que a legislação inerente ao acto define. Mas na verdade, e apesar de poder haver quem afirme que muito já se fez, na verdade mesmo, ninguém nada quer fazer.
Poderia colocar-se aqui uma questão que, parecendo absurda ou até mesmo provocatória, é de todo pertinente. Qual o impacto para a economia de Portugal, se todos os condutores desses inicio a uma prática imaculada no cumprimento das velocidades impostas, essencialmente dentro ou no atravessamento de localidades?
Uma infracção que gera milhões de euros
Anualmente, em Portugal, as infracções ao Código da Estrada geram milhares de euros que vão direitinhos para os cofres do Estado. Milhares de euros que deveriam ser investidos em acções de sensibilização, dissuasoras da prática de transgressões que têm como consequência mais nefasta a elevada morte nas estradas portuguesas.
Se pensarmos que ao redor, somente, do excesso de velocidade se movimenta uma economia fortíssima e com lobbis ainda mais poderosos, facilmente conseguiremos concluir que o excesso de velocidade, especialmente dentro das localidades, interessa muita gente. Senão, vajamos:
1º – Todos passavam a transitar dentro dos limites impostos, respeitando a regra da velocidade ou ocasionais sinais que a diminuem em pontos estratégicos como junto a escolas, urbanizações, perto de hospitais ou centros de saúde. Isto iria implicar, antes demais, ausência de sanções, penalizadas com coimas. Milhares de euros que não entravam nos cofres do Estado.
2º – Sabendo-se que uma das consequências do excesso de velocidade é a sinistralidade, esta diminuiria exponencialmente, fazendo com que não houvesse necessidade das companhias de reboques se deslocarem com tanta frequência como acontece actualmente. O resultado seria catastrófico para o sector dos reboques automóvel.
3º – Diminuindo a sinistralidade, muita dela com níveis de gravidade elevada, diminuiriam também os feridos graves, muitos graves e mortos. Tal acontecendo, diminuiriam os cuidados médicos, os tratamentos, a venda de material farmacêutico, etc… Seria, também aqui, uma calamidade para o sector da saúde que, à custa da sinistralidade rodoviária, movimenta milhares de uros, anualmente.
4º Sabendo-se que Portugal é um país fantástico para se exercer recursos sobre o que quer que seja, se as coimas por excesso de velocidade diminuíssem, o sector dos advogados iriam sofrer uma enorme quebra nas suas receitas, relativamente à elaboração de recursos sobre sanções de excesso de velocidade. Se pensarmos que os há a cobrar entre €300 e €700 para redigirem duas ou três páginas de recurso…
5º As companhias de seguro também são parte activa no processo. Se do excesso de velocidade ocasionar sinistro rodoviário, as companhias de seguro são parte activa na responsabilidade civil que têm sobre o seu segurado. Dele irão obter acréscimo no prémio de seguro.
As soluções estão à mão de um Estado que não as quer agarrar
Se na verdade se quisesse acabar com os excessos de velocidade praticados dentro e no atravessamento de localidades, abdicando de toda a economia que o rodeia, avançar-se-ia para a introdução de limitadores de velocidade electrónicos nos veículos, todos eles.
Bastaria equipar os sinais de trânsito de velocidade com um sistema emissor e os automóveis com um receptor que actuassem na centralina do veículo, impedindo-o que, por mais que o condutor acelerasse, o veículo aumentasse a velocidade.
Resta apenas questionar: Afinal a quem interessa o excesso de velocidade e todas as suas consequências?
Foto¦ OSC