
O condutor deste carro sobreviveu ao acidente, qual o preço da segurança deste veículo?
Os construtores querem vender carros cada vez mais seguros. Em parte, porque os compradores o exigem, mas também porque a nova legislação obriga os fabricantes a dotarem os seus veículos com sistemas específicos de segurança. Mas a segurança tem um custo e prazos para conseguir ser implementada. Saiba mais sobre o preço da segurança.
A evolução na segurança introduzida nos novos modelos de automóveis tem sido relativamente rápida e bem aceite pelos consumidores. Porém a inclusão das inovações é um processo que demora, em determinadas circunstâncias, pode demorar mais de uma década.
O processo para a integração de tecnologias inovadoras, quer sejam efetuados através de novos componentes ou novos softwares, por vezes é um caso de avanços e recuos. As marcas, por vezes, têm dificuldades em acertar todos os parâmetros necessários. Quer seja a integração dos novos componentes quer seja a própria programação de controlo dos elementos.
Mas para reduzir a sinistralidade rodoviária e cumprir os critérios das entidades reguladoras as marcas têm de introduzir novos sistemas, garantir novas funcionalidades no seu plano de produção. Essa integração pode-se resumir num conceito denominado de Ciclo da Segurança do Automóvel.
Nórdicos lideram na segurança
Uma das marca que mundialmente possui mais reputação em segurança é a Volvo. Essa fama advém do facto de serem pioneiros na introdução de produtos, conceito e medidas que por vezes revelam-se muito avançadas para o tempo quem que são aplicadas. Esta marca sueca também tem disponibilizado o seu conhecimento de forma gratuita quando se trata de avanços significativos em segurança. O exemplo mais flagrante é o do cinto de segurança de três pontos.
Neste momento a marca busca um objetivo muito ambicioso. Trata-se da Visão 2020, com objetivo primeiro de que ninguém morra abordo dos seus modelos. Para tal terá que garantir que aplica cada vez mais sistemas, componentes e materiais inovadores para granjear esse propósito.
Por exemplo, neste momento a “luta” é para incentivar a colocação das crianças até aos 5 anos viradas para trás nas cadeirinhas. A Volvo afirma que esta é a melhor forma de contrapor o maior peso da cabeça das crianças até essa idade. Para tal a marca já avançou com esse conceito nas suas mais recentes cadeirinhas. Aliás a Volvo nem permitem a utilização em outra posição para as crianças mais pequenas. Essa “ousadia” unilateral representou uma quebra de 60% nas vendas. Mas o objetivo é mais lato que o lucro, é mesmo o incremento da segurança.
O ciclo da segurança do automóvel
Em declarações à revista Turbo, Lotta Jakobsen, atualmente líder técnica sénior no campo da prevenção de lesões de acidentes da Volvo e com 28 anos de casa, explicou que até que seja comprovada a efetiva eficácia de novos conceitos é imprescindíveis analisar seis fases. A saber:
Recolha de Dados - através da análise das estatísticas dos acidentes e a própria investigação de casos reais. Em alguns casos os acidentes são replicados, desde os ângulos de embate até à velocidade. Sustentado pelo emprego de computadores para replicar os dados obtidos pelos “crash-test dummies”.
Requerimento de segurança – A análise de tendências estatísticas pode atestar a necessidade de reduzir determinado parâmetro da sinistralidade rodoviária. Nesse caso são observadas as implicações reais e os requerimentos legais para encontrar novas soluções.
Desenvolvimento de Produto - Após a confirmação dos dois passos anteriores a Volvo entra na fase de desenvolvimento de produto. Esta fase pode implicar a utilização de inovações tecnológicas, novos materiais, novos componentes ou programação especifica de software.
Protótipos e Verificação – Nesta fase são construídos protótipos que servem para fazer as medições com os “crash-test dummies” e confirma-se se as lesões são minoradas.
Implementação – Após a conclusão com sucesso das 5 fases anteriores a marca sueca avança com a aplicação do produto desenvolvido nos seus modelos.
O preço da segurança
O incremento dos sistemas eletrónicos de segurança, de ajuda à condução e de entretenimento têm vindo a aumentar o “peso” destes componentes no preço final do veículo. Um estudo determinou que a eletrónica representa cerca de 40% do preço de um carro novo.
A explicação sobre este valor tão elevado pode ser atingida de forma compreensível e rápida. Por exemplo os airbags, que em 2004 equipavam apenas 25% dos veículos novos, hoje são obrigatórios. O mesmo se passa com a implementação de medidas legislativas que tornaram obrigatório o ABS e os airbags frontais. E irão tornar obrigatório num futuro próximo, o sistema de controlo de estabilidade.
Em 2000 o custo dos componente eletrónicos ficavam pelos 18%, subindo para os atuais 40% em 2020. Preve-se que atinja os 45% em 2030. O problema do peso desta fatura para as marcas prende-se com o fato da maioria dos sistemas eletrónicos serem comprados a terceiros.
Foram desenvolvidos por empresas que fabricam componentes para a indústria automóvel. Isso faz com que o controlo de custo seja exterior às próprias marcas, o preço da segurança drena os meios financeiros aos construtores. Se a verba segue para o exterior deixa de ser possível aplica-la pra desenvolvimento na própria marca. O futuro pertencerá a quem conseguir recuperar o controlo desse fator de produção.
Fotos | Volvo
--