Duarte Paulo

2 June, 2020

Volvo limita velocidade a 180km/h em todos os seus modelos novos

Para dar cumprimento à ambiciosa iniciativa da Volvo, “Visão 2020”, que almejava que ninguém perdesse a vida ou ficasse gravemente ferido a bordo dum carro da marca, chegam duas novidades.

Uma é a limitação da velocidade máxima em todos os modelos novos da marca sueca a 180km/h. A outra novidade está também relacionada e vai poder descobri-la ao longo deste artigo. A Volvo pretende regressar à liderança da segurança, sendo pioneira no lançamento de inovações.

“Visão 2020” e a legislação

A marca sueca, agora com maioria de capital chinês da Geely, implementou uma das medidas mais controversas que estavam no projeto “Visão 2020”. A iniciativa da Volvo identificou preocupações em relação à segurança, sendo a velocidade uma das maiores lacunas. Assim surge a limitação da velocidade máxima a 180km/h de todos os seus automóveis novos, nas versões MY21. Sendo ainda implementada a inovadora Volvo Car Key, que falaremos mais à frente.

“A Volvo é líder em segurança: sempre fomos e sempre seremos”, disse Håkan Samuelsson, presidente e diretor executivo. “Por causa de nossa pesquisa, sabemos onde estão as áreas problemáticas quando se trata de acabar com ferimentos graves e fatalidades em nossos carros. E, embora uma limitação de velocidade a 180km/h não seja uma solução definitiva, vale a pena fazer se pudermos salvar uma vida.”

Esta é uma iniciativa claramente controversa, especialmente entre os condutores mais dados a excessos, amantes de velocidade e de modelos mais potentes. Porém, a corroborar a decisão da Volvo, a Comissão Europeia comunicou uma nova legislação, a entrar em vigor em maio de 2022, que prevê que todos os automóveis vendidos na União Europeia, passem a dispor de série, dum limitador de velocidade inteligente.

Mais, o sistema que a Comissão Europeia obrigará as marcas a instalar nos novos modelos será capaz de mais do que simplesmente limitar a velocidade. Trata-se da já conhecida caixa negra, por paralelismo com o nome usado na aviação e facilmente perceptível. Este permite a monitorização e registo do estado do condutor, detetando se este está distraído ou sonolento. Fará ainda uma análise para perceber se o condutor está sobre o efeito do álcool ou estupefacientes.

A tradição de segurança da marca

Recordemos que a Volvo tem um longo historial de apresentar e implementar soluções de segurança na indústria automóvel. O principal foi a criação do cinto de segurança de 3 pontos, tendo abdicado dos direitos (e dinheiro) da patente, permitindo que todas as marcas pudessem usá-lo sem custos. Outro acessório de segurança altamente importante e já incorporado na legislação, foi a cadeirinha.

Responsáveis da marca afirmam que esta “tem a obrigação de continuar a sua tradição de ser pioneira na discussão sobre os direitos e obrigações das construtoras de tomar ações que podem salvar vidas. Mesmo que isso indique perder alguns potencias clientes”.

Com o intuito de conseguir cumprir a sua “Visão 2020”, a Volvo já aplicou, nos últimos anos, diversos itens de segurança ativa e passiva em seus mais recentes modelos. inovações como o travão automático de emergência e o sistema de controlo de permanência na faixa. Mas entretanto aperceberam-se que continuava a falhar a componente humana.

Assim, a marca focou-se no comportamento do condutor. Adicionando um moderno sistema capaz de identificar os reflexos do condutor e o despoletar um alerta em caso de desatenção deste. Alguns destes sistemas estão já presentes na legislação que será exigida no futuro.

O controlo da velocidade será parametrizável

Já a Volvo Care Key, será uma chave adicional que permitirá definir um limite diferente. Por diferente entenda-se para menos que os 180km/h já pré-definidos pela marca. Estes incluem não só o seu próprio limite de velocidade, mas também limites para eventuais familiares ou amigos a quem empreste o seu automóvel. Assim permite a limitação para, por exemplo, jovens inexperientes ou recém-encartados.

“Acreditamos que um construtor tem a responsabilidade de ajudar a melhorar a segurança rodoviária. A tecnologia de limitação de velocidade que agora introduzimos e o diálogo que ela iniciou encaixam-se nesse pensamento. Porque o limitador de velocidade e a Volvo Care Key ajudam as pessoas a refletir e perceber que o excesso de velocidade é perigoso. Além disso, estamos a proporcionar mais tranquilidade e a motivar melhores comportamentos dos condutores”, afirma Malin Ekholm, responsável da Volvo Cars Safety Centre.

Além de limitar as velocidades máximas a 180km/h, a empresa também está desenvolvendo uma combinação desta tecnologia com o “geofencing”, para no futuro poder limitar automaticamente as velocidades junto às escolas e hospitais. Este é um sistema idêntico, mas inverso, ao que a Nissan possui no GT-R que deteta as pistas no Japão e retira o limite de velocidade para que possam explorar as capacidades do modelo japonês.

Aquando do anúncio desta tecnologia, em 2019, a Volvo prometeu que apresentaria o sistema às empresas seguradoras para tentar que estas propusessem um prémio de seguro menos dispendioso aos veículos segurados que tivessem este sistema. Basicamente um bónus pela redução dos riscos associados.

O problema do excesso de velocidade

O interesse em limitar a questão do excesso de velocidade é que, acima de determinadas velocidades, a tecnologia de segurança do veículo e o design inteligente da infraestrutura não são mais suficientes para evitar ferimentos graves e mortes em caso de acidente. É por isso que existem limites de velocidade em quase todos os países. Porém a velocidade continua onipresente e um dos motivos mais comuns de mortes no trânsito. Contudo todos os anos muitos milhões de pessoas ainda recebem multas por excesso de velocidade e os dados de acidentes de trânsito mostram que muitas das mortes foram causadas por excesso de velocidade.

As pessoas simplesmente não reconhecem o perigo envolvido na velocidade, diz Jan Ivarsson, um dos principais especialistas em segurança da Volvo. “Como seres humanos, todos entendemos os perigos com cobras, aranhas e alturas. Com a velocidade, nem tanto. As pessoas geralmente conduzem rápido demais numa determinada situação de tráfego e habituam-se à velocidade, achando normal para essa situação de tráfego. Até sobrevalorizam as suas próprias capacidades como condutores. Precisamos ajudar os condutores a terem um melhor comportamento, percebendo e entendendo que a velocidade é perigosa, concluiu Ivarsson.

Fotos | Volvo

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