
O desafio é introduzir, com segurança, uma panóplia de tecnologia de muitos fornecedores diferentes.
É altamente benéfico que tenhamos atualmente altos padrões de segurança nos veículos que são vendidos ao público. Desde os primórdios avançamos, passo a passo, até chegar aos cintos de segurança, depois passamos pelo ABS e agora com diversos sistemas eletrónicos entre eles o controlo de estabilidade.
Muitos destes sistemas passaram de novidade para serem uma obrigatoriedade legal. Aí chega a pergunta, como podemos introduzir com segurança uma “enxurrada” de tecnologia de segurança de muitos fornecedores diferentes de forma segura? Saiba mais já a seguir.
Se considerarmos, de forma simplista, podemos dizer que um automóvel não passa de um “bloco” de metal e plásticos, com uma massa de cerca de uma a duas toneladas. Mas com um pormenor que o torna num objeto de potencial mais elevado, com se tivesse muito mais peso. Trata-se da velocidade com que consegue circular. Com a ocorrência de um qualquer imprevisto podem facilmente se tornar num “projétil” fora de controle.
As tecnologias reduzem o risco
Legalmente foram tornados obrigatórios certos mecanismos de segurança rodoviária. Os mais recentes são maioritariamente auxiliados eletronicamente. Para tal a indústria definiu a padronização de alguns sistemas e formas de atuar de componentes de segurança. Por exemplo, foram definidos requisitos mínimos para a travagem automática de emergência (AEB) e a forma de atuar dos sistemas de manutenção de circulação na faixa.
Os novos sistemas carecem de definição de caraterísticas, da forma de funcionamento, basicamente da definição dum padrão. Um desses exemplos são os dispositivos que efetuam a deteção de álcool. Estão a ser introduzidos por algumas marcas, como opção, e estando outras marcas e alguns legisladores a se preparem para defini-los como obrigatórios.
Para começar, a Europa deverá ser pioneira na adoção dalguns desses requisitos. Outras áreas geográficas a seguirão. Embora isso seja maioritariamente uma coisa boa, as expectativas do público em geral sobre a possibilidade dos veículos serem capazes de fazerem tudo sozinhos é, por vezes, irrealista.
O consumidor quer tudo automatizado e com salvaguardas para si, desde o travar automaticamente em todas as condições, perante o que quer que sejam os obstáculos. Desde outros veículos, peões ou objetos inanimados, como postes ou caixotes do lixo. Conduzir e manobrar de forma eficaz, eficiente e legal, sem a intervenção do condutor, não é uma Ciência Exata.
Falhas tecnológicas na segurança automóvel
Veja a Volvo, por exemplo, reconhecidamente um dos líderes do setor automóvel em matéria de segurança, que exibiu sua tecnologia AEB para peões, frente a jornalistas, em 2016, com um modelo V60 viajando em direção a um manequim chamado Bob. O Volvo atingiu o Bob. Deveria ter parado. Tal como no teste, no vídeo abaixo, onde perante diversos jornalista também falhou. E tudo isso em um ambiente controlado, só prova que nada é infalível.
Outro exemplo, há alguns anos atrás, um Uber autónomo, por acaso também da Volvo, equipado com muitos mais sensores do que um carro normal, atropelou mortalmente um peão à noite no Arizona, nos Estados Unidos. Apesar desse peão estar a levar uma bicicleta pela mão, o sistema não conseguiu detetar nenhum deles a tempo de evitar o acidente.
Isso mostra que, embora pensemos que a tecnologia é boa o suficiente para ser implementada, isso não significa que funcionará sempre a 100%. E embora os condutores sejam os que devem estar sempre compenetrados e atentos ao volante, mesmo que os carros tenham alguma capacidade de serem autónomos.
Falhas tecnológicas no dia-a-dia
Na verdade, alguns de nós já tivemos momentos desagradáveis com falsos alarmes em diversos veículos de diferentes marcas e modelos. Um determinado modelo acionava a travagem automática de emergência quando não deveria, o que significava que ele acionava os travões, inesperadamente, a fundo, numa estrada sem nenhum tráfego na frente. Isso chegou a ocorrer inclusive na autoestrada.
Existe outro caso reportado dum veículo cuja assistência de manutenção de faixa que saía duma estrada, numa curva específica e se dirigia direto a um poste próximo a uma saída de outra estrada próxima. E acredite, o assistente de manutenção na faixa também pode ser bastante forte na maioria dos carros.
Isso levanta problemas de segurança óbvios. Claro, eles foram adicionados para melhorar a segurança, mas com a pressão sobre os fabricantes para adicionar tudo o que for possível… desde que mantenham os modelos a um preço razoável. Ou seja, há espaço para um desempenho de alguns sistemas “sem brilho” que podem se tornar potencialmente inseguros.
Há também o fato de que, embora alguns condutores que nem sabiam que metade dessas “coisas” existem no carro e não as usam de forma adequada. É muito fácil infringir a lei e pegar o telemóvel, com coisas como controlo de velocidade de cruzeiro adaptável e assistência de manutenção na faixa, que proporcionam uma falsa sensação de segurança. Existem inúmeros vídeos de acidentes devido ao excesso de confiança nestes sistemas.
Testes que mostraram as falha tecnológicas
Em 2018, o Instituto de Seguros para Segurança Rodoviária (IIHS), dos EUA, experimentou cinco novos veículos - o Tesla Model 3 e S, BMW Serie 5, Mercedes E-Class e Volvo S90 - e testou a travagem de emergência autónoma (AEB), o controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e a assistência para manutenção na faixa. Um dos problemas encontrados, de forma mais generalizada, foi que a AEB simplesmente não funcionou em alguns veículos, em algumas circunstâncias.
Em outros testes, o IIHS observou que, um dos modelos circulava em direção, ou através, da linha divisória da estrada regularmente, exigindo que os condutores o corrigissem. Às vezes, o carro desligava a assistência sozinho. Esse modelo não conseguiu ficar na faixa em todas as 14 tentativas válidas. Outro modelo estava mal programado, falhando constantemente os testes que implicassem ter de ter uma ação no topo de colinas.

Uns sistemas criam a sensação de segurança e depois falham quando são chamados a atuar.
Como consegue-se perceber existem as duas situações, uma em que o resultado de alguns sistemas pode ser particularmente incerto, dando a sensação de segurança e depois não atuando. E outros casos em que o condutor pode não saber que o sistema existe, até que ele seja acionado. Aí provoca uma reação do condutor, que surpreendido, que aumenta o problema inicial.
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